sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Reuniões sobre fronteiras entre Timor-Leste e Austrália "muito produtivas" - ONU


Díli, 14 out (Lusa) - As reuniões confidenciais que decorreram esta semana entre Timor-Leste e a Austrália sobre fronteiras marítimas foram " muito produtivas", deixando "otimista" a Comissão de Conciliação das Nações Unidas que está a mediar entre os dois países.

Em comunicado a comissão explica que os encontros, que decorreram em Singapura, se inserem no processo da Comissão de Conciliação Pública, convocada por Timor-Leste a 11 de abril, no âmbito da Lei do Mar, para tentar forçar Camberra a negociar a delimitação das fronteiras marítimas entre os dois países.

"Ambas as partes e a comissão concordaram que as reuniões foram muito produtivas. Todos concordaram que deveríamos tentar chegar a acordo dentro do prazo do processo de conciliação", explica o comunicado.

Peter Taksoe-Jense, presidente da Comissão de Conciliação, manifestou-se "muito satisfeito" pelo que disse ser "uma vontade sincera de ambos os lados se aproximarem num espírito de cooperação" e vontade de diálogo.

"Os dois lados estão de parabéns por estarem dispostos a mover-se além das diferenças do passado e a trabalhar intensamente para criar condições favoráveis para alcançar um acordo, bem como estabilidade para todas as outras partes interessadas no Mar de Timor", sublinhou.

Já Gary Quinlan secretário adjunto do Departamento Australiano de Relações Exteriores e Comércio, que lidera a delegação australiana, insistiu que Camberra está a participar no processo "de boa-fé", escusando-se a avançar pormenores sobre as conversas mantidas em Singapura.

"A Austrália certamente vê o processo com a Comissão e Timor-Leste como construtivo, e vamos continuar a empenhar-nos seriamente", disse.

Citado no mesmo comunicado, Xanana Gusmão, que lidera a delegação timorense, disse que partilha o otimismo da Austrália e que a atmosfera foi "muito positiva".

"Estamos no caminho certo. Acordámos que este é um processo estritamente confidencial e por isso não posso avançar mais pormenores", considerou.

Uma nova série de encontros entre as duas partes e a comissão deverão ocorrer em 2017, antecipando-se que o processo se manterá confidencial apesar de serem possível "outras declarações públicas conjuntas".

No final do mês passado, a comissão declarou-se competente para continuar com o procedimento de conciliação entre Timor-Leste e a Austrália, rejeitando assim a contestação de Camberra a este processo.

A "Decisão sobre Competência Jurisdicional" foi a primeira derrota da Austrália neste processo, que tinha contestado a competência da comissão no passado dia 29 de agosto, quando decorreu a sessão de abertura, em Haia.

Timor-Leste iniciou este Procedimento de Conciliação Obrigatória (PCO), com base nos termos do Anexo V da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, por considerar que apesar de os acordos temporários de partilha dos recursos do Mar de Timor continua a não haver fronteiras permanentes entre os dois países.

Díli contesta ainda o facto de a Austrália se retirar dos procedimentos de resolução internacionais, o que limita "os meios de Timor-Leste fazer cumprir os seus direitos ao abrigo do direito internacional".

ASP//ISG

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