A
visita do primeiro-ministro da China, Li Keqiang, ao Brasil na passada semana,
quase um ano após a do Presidente Xi Jinping, aprofundou o nível de
envolvimento entre as duas economias bem como com países latino-americanos
historicamente mais próximos dos Estados Unidos da América.
Durante
a visita, com uma comitiva com 150 empresários, Li Keqiang e a Presidente Dilma
Rousseff assinaram 35 acordos no valor de 53 mil milhões de dólares, incluindo
a exportação de carnes para consumo humano, energia e infra-estruturas
envolvendo grandes empresas como a Petrobras, Vale e Embraer.
O
principal investimento anunciado é uma linha de caminho-de-ferro entre a região
Centro-Oeste do Brasil e o Pacífico, atravessando o Peru, obra que facilitaria
a exportação de produtos brasileiros para a China, hoje feita a partir de
portos no Atlântico.
Vai
ainda ser criado um fundo de 50 mil milhões de dólares para financiar projectos
de infra-estruturas no Brasil, a cargo da Caixa Económica brasileira e do Banco
Industrial e Comercial da China.
Oliver
Stuenkel, professor de relações internacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV)
em São Paulo ,
afirma que os resultados da visita elevam o patamar daquela que é hoje a
relação comercial, em que os chineses compram principalmente matérias-primas de
países latino-americanos e vendem produtos industrializados, com um novo
envolvimento que apoia o desenvolvimento destas economias.
“São
acções que vão tornar a China um interveniente político e económico na região
por muitas décadas e depois disso será impossível cortá-la da equação”, afirmou
o analista, citado pela BBC Brasil.
O
Brasil, maior economia latino-americana e que tem na China o seu maior parceiro
comercial, com trocas totais de quase 78 mil milhões de dólares em 2014,
favorável ao lado brasileiro, foi o ponto alto de um périplo de oito dias pela
região, que também incluiu Colômbia, Peru e Chile.
Em
Janeiro, o Presidente chinês anunciou que Pequim investiria 250 mil milhões de
dólares na América Latina na próxima década.
A
visita surge numa altura em que, em alternativa a instituições mais ligadas aos
Estados Unidos como o Fundo Monetário Internacional, se espera um aumento da
oferta de crédito chinês, sobretudo com a entrada em funcionamento do Novo
Banco de Desenvolvimento (NBD), que junta a China aos seus parceiros dos BRICS
(Brasil, Índia, Rússia e África do Sul) e também do recém-criado Banco Asiático
de Infra-estrutura e Investimento (BAII).
Na
América Central está já em curso a construção do Canal da Nicarágua,
considerada a maior obra de engenharia do mundo, financiada por um empresário
chinês, que será uma alternativa ao Canal do Panamá na ligação entre os oceanos
Atlântico e Pacífico.
Jaseon
Marczak, do norte-americano Atlantic Council, afirma que é “importante que a
América Latina diversifique a sua economia e se desenvolva, e os investimentos
chineses podem ajudá-la a atingir esse objectivo.”
Entre
os analistas brasileiros que acolheram positivamente os resultados da visita,
Marcelo Zero considerou-a no sítio brasileiro 247 “um golaço da política
externa do Brasil e uma manifestação concreta e substancial de confiança no
País.”
Só
com a Petróleos do Brasil (Petrobras) foram assinados três acordos de
cooperação no montante de pelo menos 7 mil milhões de dólares, envolvendo o
Banco de Desenvolvimento da China e o Banco de Exportações e Importações (ExIm)
da China.
Outros
acordos prevêem a construção do complexo metalúrgico do Maranhão, financiamento
para a compra de 40 aviões da Empresa Brasileira de Aeronáutica pela China,
cooperação na tecnologia nuclear e criação do pólo automóvel de Jacareí, no
estado de São Paulo bem como um outro relacionado com a concessão de
financiamento para a construção de 14 navios de 400 mil toneladas cada para o
transporte de minério de ferro.
Os
acordos assinados estendem-se ainda à ciência, com a assinatura de um protocolo
de intenções para desenvolvimento e lançamento do sexto satélite sino-brasileiro,
o CBERS 4-A, em 2018.
Macauhub/BR/CN
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