A
condenação na terça-feira a dois anos de prisão do governador cessante de
Jacarta, Basuki "Ahok" Tjahaja Purnama, membro da minoria cristã e
acusado de blasfémia do Alcorão, provocou confrontos verbais entre
simpatizantes e detratores na terça-feira.
Centenas
de supostos apoiantes de Purnama concentraram-se no exterior da prisão de alta
segurança onde está detido, com diversos manifestantes a tentarem derrubar um
dos gradeamentos do estabelecimento prisional.
Munido
com megafone, um homem dirigia-se aos presentes de forma virulenta: “Irmãos e
irmãs, a justiça morreu neste país”.
O
júri, presidido pelo magistrado Dwiarso Budi Santiarto, acusou Purnama de
atentar contra a unidade da Indonésia e reiterou os seus “direitos políticos”,
após a sua transferência para a prisão de Cipinang, leste da capital.
A
sentença, que vai ser contestada pela defesa, constitui um desafio ao
pluralismo religioso no país com a maior população muçulmana do planeta.
Milhares
de partidários do governador de etnia chinesa, popularmente conhecido por Ahok,
lamentaram a decisão dos membros do júri e promoveram uma concentração no
exterior do Ministério da Justiça, onde decorreu o julgamento.
“É
uma questão política, os outros não querem que Ahok se apresente às eleições
presidenciais de 2019, é um julgamento político”, considerou em declaração à
agência noticiosa Efe uma jovem cristã de 23 anos, após ser anunciada a
sentença.
Alguns
grupos islamitas, que se manifestaram durante meses a favor de uma condenação
rigorosa contra Ahok, também se concentraram nos arredores do ministério e
celebraram a decisão do Tribunal, envolvendo-se em confrontos não violentos com
os apoiantes do governador.
Ahok,
que em abril foi derrotado nas eleições locais em Jacarta face a outro
candidato muçulmano, foi apontado em novembro por comentários nos quais
rejeitou críticas de adversários baseadas no versículo 51 do Alcorão, que o
político cristão assegura terem sido manipulados.
A
condenação imposta é mais dura que a proposta pela procuradora, apesar de
inferior à máxima estipulada na legislação local, que estabelece até cinco anos
de prisão pelo delito de blasfémia.
Os
representantes legais de Ahok precisaram que apelaram da decisão junto de
instâncias superiores, enquanto o ministério do Interior indicou em comunicado
que vai seguir os trâmites legais para substituir o governador pelo seu
adjunto, Sjarot Syaiful Hidayat.
Cerca
de 13.000 polícias foram mobilizados na capital indonésia para prevenir
possíveis distúrbios entre apoiantes e opositores de Ahok, que em 19 de abril
foi derrotado na reeleição para o cargo de governador.
O
confronto entre Ahok, que até ao momento contou com o apoio do Presidente Joko
Widodo, e o islamismo político iniciou-se quando o primeiro assumiu o cargo em
2014, e intensificou-se com as acusações de blasfémia, acalentadas pela
oposição.
As
eleições para governador de Jacarta estiveram condicionadas por este confronto
e foram decididas na segunda volta com a derrota de Ahok por mais de 15 pontos
face ao ex-ministro da Educação, Anies Baswedan, um muçulmano.
A
Indonésia é o país do mundo com maior número de população muçulmana, com 88%
dos seus 250 milhões de habitantes a professarem esta religião, a grande
maioria de forma moderada.
SAPO
TL com Lusa | Foto@ Tatan Syuflana /EPA
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