Lisboa, 20 abr 2019 (Lusa) - O
presidente da Confederação Empresarial da CPLP defendeu hoje que a Guiné
Equatorial não deve ser afastada da organização e estão preocupados com
posições públicas de governantes sobre aquele país-membro.
"Tivemos uma reunião da
comissão executiva da confederação nesta segunda-feira e falamos sobre este
assunto e, mesmo alguns elementos representantes de Portugal, mostraram-se
muito preocupados por afirmações vindas de governantes de Portugal"
relativamente à Guiné Equatorial, afirmou Salimo Abdula, em entrevista à Lusa
em Lisboa.
O empresário moçambicano
recentemente reeleito para um segundo mandato à frente da Confederação
Empresarial da Comunidades dos Países de Língua Portuguesa (CE-CPLP), defendeu
ainda que "a Guiné Equatorial está a precisar de se abrir à
comunidade" e reforçar a sua "convivência com a Europa, com a Ásia, e
outros países com mais experiência no plano democrático".
Por isso, "fechá-los [num
isolamento diplomático] só estamos a condená-los ao pior", afirmou.
Na opinião de Salimo Abdula, os
membros da CPLP devem ajudar os responsáveis da Guiné Equatorial "a
dirimir as pequenas diferenças que possam existir, mas não [devem]
abandoná-los".
O empresário moçambicano e
presidente da CE-CPLP referia-se assim às declarações feitas esta semana por
governantes de vários países da CPLP relativamente à permanência da Guiné
Equatorial como estado-membro da comunidade, um país que vive sob um regime
ditatorial e onde ainda existe a pena de morte.
O primeiro-ministro português,
António Costa, disse no passado fim de semana que se a Guiné Equatorial quer
permanecer na Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) "tem que se
rever" num "quadro comum" que não inclui a pena de morte.
"Somos uma comunidade que
assenta nos valores da liberdade, da democracia, de respeito dos direitos
humanos e da dignidade de pessoa humana, que é absolutamente incompatível com a
existência da pena de morte em qualquer dos países membros", afirmou
António Costa.
O primeiro-ministro falava aos
jornalistas juntamente com o primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e
Silva, no final da V Cimeira Portugal-Cabo Verde, que decorreu em Lisboa.
António Costa indicou que a
declaração final da cimeira "refere expressamente" que a "CPLP é
um espaço democrático, respeitador do Estado de direito e sem pena de
morte".
Já na segunda-feira, dia 15, o
chefe da diplomacia angolana defendeu ser necessária "alguma pressão"
sobre a Guiné Equatorial, referindo que a identidade da CPLP tem princípios
inegociáveis e que a abolição da pena de morte é um deles".
Em declarações à agência Lusa em
Luanda, o ministro dos Relações Exteriores de Angola, Manuel Augusto, reafirmou
a posição o fim da pena de morte é um dos "princípios inegociáveis"
da organização.
"É do interesse da Guiné
Equatorial fazer parte da CPLP. É interesse dos países da CPLP ter a Guiné
Equatorial no seu seio. Agora, é preciso também aqui a vontade da maioria, mas
sobretudo que os princípios básicos da organização sejam respeitados",
respondeu Manuel Augusto.
A Guiné Equatorial foi aceite no
seio da CPLP com a promessa de vir a conformar-se com os estatutos da CPLP.
"Nós empresários, não nos
vamos meter nas politiquices" considerou o presidente da CE CPLP,
lembrando, porém que a Guiné Equatorial foi admitida por uma decisão política.
Por isso, "não fomos nós que
admitimos, mas ficamos galvanizados, porque há oportunidades para empresários
da lusofonia lá", afirmou.
ATR (CFF/SMA/JSD) // PJA
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