terça-feira, 4 de julho de 2017

Comissão eleitoral estuda denúncia contra páginas digitais de notícias falsas

Díli, 03 jul (Lusa) - O presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE) timorense disse hoje estar em estudo uma eventual denúncia junto do Ministério Público para investigar 'sites' e páginas digitais de noticias falsas sobre a campanha para as legislativas.

"Estamos preocupados com esta situação e estamos a estudar apresentar uma denúncia junto do Ministério Público ou da polícia para investigar quem são os autores deste tipo de atos", disse à agência Lusa Alcino Baris.

"Consideramos que este tipo de atos prejudicam a estabilidade própria desta fase da campanha e, por isso, estamos a pensar apresentar uma denúncia para apurar os autores" afirmou.

Pela primeira vez, numa campanha política em Timor-Leste, as redes sociais têm sido inundadas de notícias falsas, muitas alegando apresentar informação sobre declarações que líderes dos principais partidos, CNRT e Fretilin, teriam feito em comícios ou encontros.

As notícias sugerem ter havido críticas mútuas entre os líderes dos partidos - cujo relacionamento é hoje mais próximo do que nunca - com os internautas em redes como o Facebook a partilharem os textos centenas de vezes.

Em muitos casos, os textos são partilhados por militantes de outras forças políticas.

Um dos casos mais polémicos é o blogue "politikatimor", que publica notícias supostamente referentes à Fretilin e CNRT e que, na página na internet mostra estar ligado ao 'site' Timor Au Nian Doben, que em 2015 já foi investigado pelo Executivo.

Na altura, o então diretor nacional da Polícia Científica de Investigação Criminal (PCIC) Hermenegildo da Cruz disse que ter autorizado os investigadores a realizar uma "investigação profunda sobre o 'website' Timor Au Nian Doben", que existe desde 2010 e se tornou nos últimos anos um dos espaços mais crítico do Governo.

"No decurso dessa investigação identificámos que esse 'website' tem objetivos provocativos, lança informações provocativas e também agita a situação, o que não favorece a estabilidade. Lança informação e ataques contra a autoridade do Estado e contra a liderança histórica do nosso país", afirmou.

Instada a comentar a investigação, Zizi Pedruco, uma das responsáveis do Timor Au Nian Doben disse à Lusa, a partir da Austrália, estar surpreendida com a investigação, e considerou estar a ser alvo de intimidação.

"Se queriam saber quem eu era poderiam perguntar ao primeiro-ministro ou a qualquer outro governante. Alguns deles já usaram a nossa página para benefício próprio. Não é difícil identificarem-me", afirmou.

"Eu acho que é uma campanha de intimidação, para nos calarem, mas é vergonhosa, porque há não muito tempo éramos nós quem estávamos a denunciar os indonésios a fazerem isto mesmo contra os timorenses", disse.

Timor-Leste é um dos países onde as redes sociais, nomeadamente o Facebook, e plataformas de comunicação como o Whatsapp têm mais importância, com o acesso à internet a existir já em todos os municípios do país.

O acesso à internet é mais fácil do que aos órgãos de comunicação social convencionais, levando a que as redes sociais, ou outras plataformas, se tornem espaços privilegiados de diálogo e debate, inclusive político.

A empresa Timor Social, que trabalha no desenvolvimento de estratégias de comunicação nas redes sociais, estima que um terço da população do país (cerca de 400 mil timorenses) tenham perfis ativos nas redes sociais, em particular, no Facebook.

ASP //EJ

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