quinta-feira, 14 de maio de 2015

Procissão do 13 de Maio vivida com fé e sob olhar curioso dos turistas em Macau


Macau, China, 13 mai (Lusa) -- Centenas de católicos, turistas e curiosos participaram hoje na missa e procissão da Nossa Senhora de Fátima em Macau, numa manifestação de fé e multiculturalidade que encheu as ruas da cidade.

Para a portuguesa Filipa Guadalupe, "a melhor parte" da procissão iniciada na igreja de São Domingos é a chegada ao santuário da Penha, já de noite. "Eu fazia sempre a procissão das velas em maio e outubro. Penso que em termos de espiritualidade e energia é mais forte. É por isso que eu gosto de ir à (Igreja da) Penha, porque era um pouco o que eu fazia em Fátima", afirmou.

A viver em Macau há três anos, a confessa devota de Nossa Senhora de Fátima observou que a peregrinação do 13 de Maio é um exemplo de como "a fé não tem cor nem fronteiras".

"O que mais me fascina são os orientais, que maioritariamente não são católicos. Fátima é um fenómeno mundial, mas é português, e (esta demonstração de fé) vai além das famílias macaenses", avaliou a portuguesa, entusiasmada com a enchente nas ruas.

Essa é também a impressão da irmã Lioba Park, sul-coreana da congregação católica Filhas de São Paulo, residente em Macau há cinco anos. "A Nossa Senhora (de Fátima) não é tão popular na Coreia do Sul, mas aqui há muitos devotos. A minha mãe nunca tinha visto a imagem e achou-a muito bonita", afirmou.

Para muitos macaenses, a peregrinação do 13 de Maio é um ponto de encontro entre famílias e amigos e também um costume passado de geração em geração. No caso de Maria do Carmo Gil, a educação católica já chegou aos netos, que este ano estão entre os 'anjinhos' da procissão.

"Os garotos adoram. Eu nem sei o que eles sentem, mas para eles é um gosto ir na procissão", descreveu, ao falar das gémeas e do menino, de sete e seis anos.

Mais graúdos, mas com vestes brancas e munidos de velas, alguns estudantes do interior da China, que estão a fazer mestrado na Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST), aguardavam à porta da Igreja de São Domingos o arranque da marcha. Não são católicos, mas a convite de um amigo no 'WeChat' decidiram "ajudar neste evento interessante".

Interessante é também a apreciação de Cristal Wang, turista da província chinesa de Hubei, que escolheu visitar Macau nesta altura por causa do Festival de Artes, das celebrações em homenagem à deusa A-Ma, mas também porque sabia que ia haver esta procissão.

"Acho que nunca tinha visto nenhum ritual da igreja católica. Sou meio budista, mas fiz uma pesquisa e percebi que se trata da mãe de Jesus", disse a professora de inglês, que aguardou mais de uma hora pela saída do altar da igreja de São Domingos.

Entre cânticos entoados nas três línguas -- português, chinês e inglês -- e sob a orientação de um prelado, a procissão subiu à Sé e desceu até à avenida da Praia Grande, seguindo a passo lento em direção à ermida da Penha, num dos pontos mais altos da cidade.

FV // VM

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