quinta-feira, 14 de maio de 2015

Falta dinheiro para português ser língua oficial em mais organizações internacionais


Cidade da Praia, 13 mai (Lusa) - A Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) não tem orçamento suficiente para introduzir o português como língua de trabalho em todas as organizações internacionais, lamentaram hoje na Cidade da Praia vários especialistas.

A observação foi feita pela diretora geral da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), Georgina Mello, pela diretora executiva do Instituto Internacional de Língua Portuguesa (IILP), Marisa Mendonça, e pelo coordenador da Comissão Temática de Promoção e Difusão da Língua Portuguesa, Eugénio Anacoreta Correia, durante uma conferência para assinalar o Dia da Língua Portuguesa e da Cultura na CPLP.

"Introduzir a língua portuguesa significa um orçamento muito importante que não temos para cobrir todas as organizações internacionais", começou por dizer à agência Lusa Georgina Mello, recordando que há alguns anos se fez uma tentativa para introduzir o português em algumas reuniões da Unesco, mas custava mais de 5 milhões de euros anuais.

"É um custo muito elevado e neste momento não temos condições orçamentais para isso", reconheceu, pedindo apoio das embaixadas e representações diplomáticas dos países da CPLP nas capitais onde estão as organizações.

Lamentando essas "limitações objetivas", a diretora geral da CPLP indicou, entretanto, que as embaixadas dos países da CPLP representadas em Genebra, onde vai acontecer a próxima reunião dos ministros do Trabalho, já estão a encarar essa possibilidade.

Por sua vez, a diretora executiva do Instituto Internacional de Língua Portuguesa (IILP), Marisa Mendonça, disse que essa é uma questão que vai depender de todos os países e que quando a língua portuguesa chegar a mais organizações internacionais será valorizado de outra forma.

"Às vezes temos a tendência de chegar nas organizações internacionais e falarmos inglês porque facilita a comunicação, mas se fizermos isso estamos a anular aquela ideia de que é necessário também que o português se torne uma língua de trabalho efetiva", defendeu.

Já o coordenador da Comissão Temática de Promoção e Difusão da Língua Portuguesa, Eugénio Anacoreta Correia, pede mais apoios de todos os Estados e da própria CPLP, uma vez que o trabalho é muito caro para uma língua com 250 milhões de falantes em todo o mundo.

"Esse é um dos problemas que decorre da falta de meios, porque nas organizações internacionais é preciso pagar tradutores, edição de documentação e depende da possibilidade de haver meios financeiros para se conseguir esse objetivo", completou o também embaixador, para quem a decisão já está tomada, faltando apenas reunir os meios necessários.

Em organizações internacionais como a União Africana e União Europeia, e regionais como Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) ou a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), o português é utilizado como língua de trabalho.

RYPE // EL

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