segunda-feira, 26 de março de 2018

17 HORAS NO AR | A mulher que comandou o primeiro voo direto entre Austrália e Europa


Mulher, mãe de dois filhos, piloto de aviões. Lisa Norman fica para a história da aviação como a comandante do primeiro voo a ligar diretamente Austrália e a Europa.

A primeira ligação aérea direta entre Austrália e Europa (Reino Unido) foi concluída este domingo de madrugada com sucesso, depois de mais de 17 horas no ar.

O voo QF9 ligou as cidades de Perth e Londres, e foi efetuado pela companhia aérea Qantas, numa ligação que percorreu 14498 quilómetros num Boeing 787-9 Dreamliner.

"Gostava de lhes dar as boas-vindas ao livro da história da aviação", disse a comandante Lisa Norman, dirigindo-se aos passageiros depois de aterrar em Londres.
"O mundo esteve a observar-nos hoje. Obrigado por terem feito parte de algo mágico e tão especial", acrescentou, em declarações ao jornal britânico "The Guardian".


Lisa Norman dividiu os comandos do voo com o comandante Jeff Foote e os copilotos Dave Summergreene e Troy Lane. Cerca das 16 horas deste domingo, iniciou já o regresso à Austrália, sob a designação QF10.

Dois dias antes do "take-off", Lisa Norman falou ao jornal "Perth Now", da cidade australiana de onde saiu este histórico voo.

"Quando me juntei à Qantas, nem nos meus maiores sonhos pensei que isto seria possível", disse Lisa Norman, confessando que sempre teve dúvidas sobre a possibilidade de este voo se concretizar.

Com 29 anos de serviço na Qantas, Lisa fez praticamente tudo na companhia de bandeira australiana: comandante de treino dos Boeing 767, comandante dos gigantes 747 da empresa norte-americana e dos A330 da rival europeia Airbus e, agora, responsável pelos voos do 787-9 Dreamliner.


Achava que tinha nascido no corpo errado para ser piloto

Nada mau para uma mulher que tinha poucas esperanças de um dia entrar num cockpit de um avião, pelo simples facto de achar que não tinha o género necessário.

"Creio que sempre quis ser piloto, mas achava que tinha nascido no corpo errado e as pessoas que me rodeavam não reconheciam o meu desejo de pilotar", desabafou.

Uma visita ao aeroporto de Sidney, na juventude, e os (bons) conselhos de uma amiga deram asas ao desejo, que se fez uma vida inteira de voo. Agora, recorda, é o filho mais novo, de sete anos, que já pensa em seguir os altos voos da mãe.

AC | Jornal de Notícias

Fotos: 1 - Qantas; 2 -  Epa/brent Winstone; 3 - Twitter