terça-feira, 1 de janeiro de 2019

2019 | “Direitos Humanos” – o que é que isso tem que ver com Timor-Leste?


Portugal 2019. Nesta parte do mundo ocidental, em que 2019 acabou de chegar fala-se de “Direitos Humanos” na TSF, uma rádio que, apesar de toda a manipulação e falta de seriedade e profissionalismo jornalístico, ainda é das que se “salvam” em alguns aspetos das edições quotidianas. Uma rádio de Portugal cada mês mais permeável e volátil às tendências que abundam por este mundo chamado de neoliberal – uma antecâmera do nazi-fascismo. E o que é que Timor-Leste tem que ver com isto? Perguntarão.

Tem tudo. Porque neste país só persistem tendências flagrantes de miséria, de exploração, de ataques à natureza, etc. por ditame dos interesses neoliberalistas que cada vez mais invadem o país e os seus órgãos alegadamente democráticos. Não sendo por acaso que grassa a corrupção, como em Portugal, como por quase todo o mundo. Grassa quase impunemente, para gáudio de alegados grandes lideres, líderes históricos, etc. Nos governos, nos parlamentos, nas empresas e acordos semi-estatais é o que mais se sabe que eles existem. E existem disso provas que faça atuar a justiça? Que justiça? Justiça pronta a condenar exemplarmente com anos de cadeia gentes simples e pobres do povo por… roubo, mas que deixa impunes ou com punições “leves” governantes e funcionários públicos político-partidários que fazem parte de algo semelhante a máfias partidarizadas e que afinal colaboram com o neoliberalismo apesar de alguns não terem disso a devida consciência?

Timor-Leste é um país jovem. Brilhante, pela sua luta de libertação do colonialismo e da selvática e desumana invasão indonésia, mas o neoliberalismo está a corroê-lo. Está a corroer a liberdade que com tantos mártires e heróis foi obtida ao longo de uma luta persistente e que todo o mundo teve de reconhecer.

A situação no país a nível social demonstra a preponderância de milhões de dólares canalizados para o alegado “desenvolvimento” que vai dar em nada ou em quase nada de compensatório e nos cortes no setor da saúde, da assistência devida às populações, nas infraestruturas básicas.

“Paz, pão, saúde, habitação”, devia ser uma das maiores conquistas de Timor-Leste. Mas não é. Não é por todo o país, nem ao menos é exatamente na capital, Díli. No interior, nas montanhas, nem se fala. A democracia tarda a chegar por ali. Porque não existe democracia enquanto não houver essa tal “Paz, pão, saúde e habitação”, assim como um emprego. Sérgio Godinho tornou muito simples essa aula em que todos que escutarem compreenderão. E em também “Arranjem-me um emprego”. São aulas, são algo simples, como simples tudo seria nestas sociedades intencionalmente complicadas, porque é uma das mil formas de extorquir os “simples" que são os povos. E Timor-Leste vai nesse caminho, infelizmente. Quando podia, teve essa oportunidade, avançar em caminho diferente. Sem desigualdades tão vincadas e tão desumanas, por exemplo.

O que desejar para 2019, para os povos massacrados que abundam por todo o mundo e que são milhares de milhões? Justiça, efetiva igualdade de oportunidades, “paz, pão, saúde, habitação"… e empregos com salários justos, que esbatam definitivamente as desigualdades, a pobreza, a exclusão, o esclavagismo através de técnicas desenvolvidas em universidades alegadamente (falsamente) progressistas, que na prática nada têm de honesto com as diretivas alinhadas na declaração dos tão propalados “Direitos Humanos”. Que, sabemos, vimos, lê-mos e ouvimos, não são cumpridos em nenhum país ou parte do mundo. Nem em Timor-Leste.

Segue-se a entrevista na TSF de Edil Eser, talvez mais uma das mulheres, dos seres humanos, que se cansou de “fazer chover no molhado”. É que a desilusão, o desacreditar, é como um vírus. E ataca principalmente os que são mais fortes na luta mas que têm capacidade e inteligência bastante para perceber quando as lutas são, infelizmente, inglórias. O que não significa que não se reformulem e ganhem forças, razões, justezas e vontades para lutarem pelo que realmente é o cumprimento dos “Direitos Humanos” que devem ser ponto de honra de todos os países. Dos responsáveis eleitos e dirigentes de todos os países.

Se, como diz a ativista abaixo entrevistada pela TSF, os Direitos Humanos vão piorar… Adeus mundo, cada vez pior. Pobre 2019, para os pobres e aqueles que vão empobrecer aos milhões para que mais uns escassos milhares enriqueçam através daquilo que não lhes pertence. Que, queiram ou não queiram aceitar, só pode ser definido por roubo à maioria da humanidade.

Assim sendo, pelos vistos, continuará a ser a realidade. O ano de 2019 vai ser pior que o ano anterior. Sistematicamente tal tem acontecido por quase todo o mundo, contra quase todos os povos do mundo. 2019, mais um ano de ganância, de expoliação dos povos do mundo. Mais pobreza. Mais miséria. Mais guerras. Porque essas dão lucros imensuráveis às grandes potências mundiais. Ás elites negociantes de armamentos. Aos governos e governantes que corruptamente sustentam enormes mortandades globais. Crimes contra a humanidade.

E o que é que tudo isto tem que ver com Timor-Leste ou com Portugal, com outros países e povos da lusofonia e do mundo? Tudo. E tem tudo que ver com todo o mundo, com todos os povos (uns mais, outros menos). Povos que, maioritariamente, são os grandes sacrificados, explorados, oprimidos, assassinados, independentemente dos sistemas políticos reconhecidos aqui e além. Uns quantos apoderam-se de riquezas porque roubam. Esses, na maioria dos exemplos, são denominados das elites porque são aqueles que dispõem de todas as oportunidades e impunidades. (MM | TA)

"A situação dos direitos humanos vai piorar"

31  de Dezembro de 2018

A perspetiva não é animadora, na opinião da ativista Idil Eser. Ex-diretora da Amnistia Internacional na Turquia elege crescimento dos populismos como uma realidade a que as ONG devem ter em conta em 2019.

Primeiro, uma constatação: a situação dos direitos humanos no mundo está pior. Em seguida, uma previsão: "vai continuar a piorar". A opinião é de Idil Eser, ativista turca, ex-diretora da Amnistia Internacional em Istambul que saltou para as primeiras páginas dos jornais de todo o mundo quando foi presa, acusada de terrorismo, ainda que "o crime seja a defesa dos direitos humanos".

Olhando para 2018 e com o crescimento dos populismos por todo o mundo, esta ativista sublinha que as organizações internacionais, incluindo as que defendem os direitos humanos, não estavam preparadas para esta situação. Por isso mesmo, Idil Eser aconselha as ONG a "encontrar formas mais eficazes de lidar com o crescimento do populismo, persuadir as pessoas da importância dos direitos humanos". "Devemos construir comunidades de pessoas que acreditem na importância dos direitos humanos e que tenham interiorizado esses direitos. Dizê-lo em palavras mas sem os atos não é suficiente. Temos de desenvolver melhores métodos de comunicação e de persuasão. Também temos de ser capazes de falar com pessoas de outras vizinhanças, pessoas que não pensam como nós", explica Idil Eser à TSF.

Eles não sabem o que fazem. Ou será que sabem?

Mencionando várias vezes ao longo da conversa o crescimento dos populismos em todo o mundo e com exemplos que vão desde a Hungria ao Brasil passando por muitas outras latitudes, Idil Eser não culpa as pessoas que votam em líderes populistas porque elas "têm preocupações legítimas e que, basicamente, estão relacionadas com o medo e a insegurança acerca do futuro". "São pessoas que têm uma compreensão muito estática da cultura, querem voltar a um dia no tempo onde pensam que tudo era perfeito, o que nunca foi o caso. Talvez possamos juntar-nos como pessoas do mundo e construir uma melhor compreensão do futuro. Precisamos de um novo contrato social, o Estado-nação não está a sair-se bem nesta fase, é preciso uma certa mudança de mentalidade", sublinha a ativista.

"Não devemos ver estas pessoas que votam em populistas como ignorantes ou loucos, elas não estão apenas conscientes das consequências de algumas das suas ações e foram cegadas pelo medo. Temos de fazer o nosso melhor para chegar até elas", conclui.

Em termos de acontecimentos, Idil Eser tem na ponta da língua os destaques de 2018 e que resvalam para 2019. "As decisões fortes de Trump vão ter repercussões importantes no futuro", começa por dizer a ativista centrando, logo em seguida, o discurso na Europa. "A inabilidade da Europa para desenvolver uma política de refugiados e que é importante no longo prazo. A Europa já devia ter uma política de refugiados e de imigração há anos", diz. Por fim, o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi : "foi decisivo e mostrou a inabilidade dos governos em lidar com o caso. Foi uma violação direta de um grande número de leis internacionais".

No entanto, apesar de constatar que as coisas vão piorar, no fim as coisas vão melhorar. "Toda a gente precisa de se reorganizar. Não vai ser fácil, mas acho que é possível, podemos inverter a maré. Penso que pode ser feito, não quer dizer que seja fácil. Nada daquilo que é importante na história humana foi fácil", conclui.

Filipe Santa-Bárbara | TSF | Foto: Maria João Gala / Global Imagens

Nota: TSF, a rádio que mudou a rádio e o jornalismo em Portugal. Atualmente já não é tanto assim, está a ficar uma rádio e um jornalismo banal, viciado, mas, mesmo assim, ainda é o “melhorzinho” no país que era da Revolução de Abril, da Liberdade e da democracia. Nem por isso devemos aceitar. Muito menos conformarmo-nos. Queremos a liberdade de imprensa defacto e não fictícia, seletiva por autocensores da profissão que é dita da Comunicação Social. De quê? As provas do contrário mostram porque existem as dúvidas e os descréditos que deviam ser os profissionais da arte e do mister a desfazer. Aproveitem 2019. Credibilidade efetiva, real, demonstrada, é o que se espera em regresso. Democracia. Pois.

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