terça-feira, 12 de maio de 2015

QUEDA DE PRODUÇÃO PETROLÍFERA REDUZ RECEITAS DE TIMOR-LESTE


A queda na produção de petróleo e gás natural tem sido o principal factor na redução das receitas petrolíferas de Timor-Leste, que que representam a quase totalidade das receitas do Orçamento de Estado, afirmou a organização não-governamental La’o Hamutuk.

A organização, que foi acompanhada por preocupações de teor semelhante por parte de alguns deputados aquando dos debates sobre o Orçamento Rectificativo para 2015, adiantou recentemente que aquele factor tem maior peso do que a queda dos preços do barril nos mercados internacionais.

Esta situação deve-se, em parte, ao fim próximo da exploração do campo petrolífero Kitan, algo que se evidenciou recentemente quando a japonesa Inpex Corporation reduziu o valor do campo em cerca de 7,5 mil milhões de ienes (62,6 milhões de dólares), um dos primeiros passos para o que será o previsível fim da vida do poço nos próximos anos.

Situado na zona do Mar de Timor que é gerida conjuntamente por Timor-Leste e pela Austrália, o campo de Kitan situa-se a cerca de 170 quilómetros de Timor-Leste.

A produção total dos campos em funcionamento caiu 24% em 2014 e as empresas petrolíferas antecipam que continuará a cair até 2020, ano em que deixará de ser lucrativo explorar esses campos.

Este cenário só se alteraria caso se iniciasse a produção no campo Sunrise, mas esse projecto continua afectado pela falta de resolução da questão das fronteiras marítimas e por diferenças de opinião sobre o modelo de exploração – com plataforma flutuante no mar ou em terra e, neste caso, ou em Darwin ou em Timor-Leste.

A importância das receitas petrolíferas evidencia-se no Orçamento de Estado, tendo, entre 2003 e 2014, o governo de Timor-Leste convertido em dinheiro 20,1 mil milhões de dólares da sua riqueza em petróleo e gás natural, despendido cerca de 6 mil milhões de dólares e colocado o restante no Fundo Petrolífero (FP), que efectua investimentos em todo o mundo.

Estes investimentos geraram receitas de 2,5 mil milhões de dólares nos últimos 12 anos, que foram novamente depositadas no FP, cujo valor, no final de 2014 era de 16,5 mil milhões (menos 95 milhões de dólares do que seis meses antes).

Para que o FP continue a representar uma “almofada financeira”, Timor-Leste deveria ter retirado para o Orçamento de Estado apenas 502 milhões de dólares em 2014, acabando porém por levantar mais de 932 milhões, sendo que este ano vai levantar cerca de 1,33 mil milhões de dólares, ou mais do dobro do que o FP ganhou com as aplicações efectuadas em 2014. (Macauhub/TL)

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