terça-feira, 15 de novembro de 2016

Navios de pesca chineses começam a operar em breve em águas timorenses - ministro


Díli, 14 nov (Lusa) - Treze navios pesqueiros de uma empresa chinesa vão começar a operar "em breve" nas águas territoriais de Timor-Leste, num projeto que incluirá ainda uma unidade de processamento de peixe, disse à Lusa o ministro timorense da tutela.

Estanislau da Silva, ministro de Estado, Coordenador dos Assuntos Económicos e ministro da Agricultura e Pescas, explicou à Lusa que os navios já estão em Timor-Leste e que estão a ser "inspecionados" para verificar se cumprem os requisitos do país.

"O peixe destina-se, em grande parte, à exportação, mas também há garantias de fornecimento ao mercado nacional timorense", disse, explicando que a empresa vai estabelecer uma fábrica de processamento do peixe em Timor-Leste.

"Vão também estar envolvidos noutras atividades económicas, incluindo a criação de um viveiro de camarão na zona de Vemasse [Baucau] e adaptar o porto de Carabela como porto de pesca", explicou.

Cada navio, explicou, terá cinco tripulantes timorenses "formados para o efeito" e têm de cumprir "vários requisitos" com equipamento instalado pelo Governo a bordo para controlar a movimentação ao longo da costa.

"O viveiro e a fábrica estão ainda a ser fechados e todo o processo está a ser formalizado, incluindo a atribuição do terreno para o efeito", explicou.

Os navios pertencem à empresa Pingtan Marine Entreprise, que se virou para Timor-Leste depois de o Ministério de Assuntos Marítimos e Pescas indonésio ter suspendido a concessão ou renovação de licenças de pesca em 2014.

Essa suspensão foi levantada em novembro do ano passado e a empresa antecipa voltar à pesca nas águas indonésias em breve.

Daí que, como explicou recentemente o responsável da Pingtan, Xinrong Zhuo, a empresa se tenha voltado este ano para operações "em diferentes países e regiões para expandir os territórios onde pesca".

"Podemos anunciar que 13 dos nossos navios vão operar nas zonas marítimas de Timor-Leste e que esperamos que estes navios estejam em plena operação nas próximas semanas", frisou Xinrong Zhuo.

Questionado sobre o impacto no 'stock' pesqueiro em Timor-Leste, Estanislau da Silva disse que o Governo quer reforçar as medidas para controlar a pesca ilegal, que está, sem quaisquer benefícios para o país, a retirar os recursos do mar.

A chegada dos arrastões a Timor-Leste tem suscitado alguma preocupação entre observadores, especialmente pelo impacto na pesca tradicional e no ambiente marítimo.

"O país tem de avançar no seu desenvolvimento económico. Não vamos ficar sentados à espera indefinidamente. Houve várias propostas no passado mas nenhuma se concretizou", explicou Estanislau da Silva.

"Timor-Leste não pode ficar assim, deixando que os recursos sejam saqueados pela pesca ilegal. Temos de manter uma certeza, presença nas águas, e o setor privado nacional tem pouca capacidade", disse.

O ministro garantiu que o executivo verificou os antecedentes da empresa e que junto dos países vizinhos confirmou não haver problemas com a forma como atua nas suas atividades pesqueiras, "tendo sempre de cumprir as leis".

"Não podemos continuar como até aqui. As nossas águas saqueadas sem qualquer benefício. Temos de marcar uma maior presença nas águas e estamos também a trabalhar com os nossos parceiros e vizinhos para fortalecer o controlo de toda a atividade de pesca nas nossas águas", explicou.

ASP // MP

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