segunda-feira, 11 de maio de 2015

Residentes de Macau pouco preocupados com queda das receitas dos casinos


Macau, China, 10 mai (Lusa) - Há 11 meses consecutivos que as receitas dos casinos de Macau registam quebras acentuadas, mas para os residentes nada mudou e poucos encontram motivos de preocupação.

"Não me preocupo com isso porque as receitas dos anos anteriores podem durar ainda algum tempo", considera o senhor Leong, defendendo que, por agora, "não há grande influência na vida dos cidadãos de Macau".

O reformado de 58 anos acredita que se podem até verificar consequências positivas a longo prazo, já que uma descida prolongada do jogo pode levar a uma redução dos salários e uma consequente redução dos custos da habitação e bens de consumo.

Será, então, temporária esta situação? Todos os entrevistados concordam: "Depende das políticas do Governo da China".

Iao, funcionário público, prevê que o quadro de Macau "estabilize" dentro de dois ou três anos, quando a "situação política da China acalmar", referindo-se à campanha anticorrupção lançada pelo Presidente Xi Jinping e que é apresentada como a grande causa da queda no jogo em Macau.

Para este frequentador assíduo da Biblioteca do Tap Seac, os "benefícios sociais podem ser influenciados", o que causa alguma apreensão entre os residentes de baixos rendimentos. "Mas eu não estou preocupado, as receitas dos casinos não podem ser sempre altas. Além disso, Macau é uma boa plataforma para atrair investimento", comenta, enquanto folheia o jornal do dia.

Apesar de os números parecerem alarmantes - os casinos encerraram abril com receitas brutas homólogas a cair 38% - Macau não aparenta ser uma cidade em crise. Os mercados mantêm-se em intenso movimento, as lojas continuam repletas de turistas, que continuam a chegar em numerosos autocarros turísticos, o Venetian - o maior hotel-casino do mundo que assume a forma de uma réplica de Veneza - continua a atrair multidões de curiosos e as zonas de jogo não se mostram mais folgadas.

Atualmente, 84,58% das receitas totais de Macau são provenientes dos impostos recolhidos no setor do jogo, uma proporção que alguns moradores desconhecem ou não consideram relevante.

"Não me preocupo com as quedas das receitas. Antigamente não havia casinos em Macau e sobrevivíamos", comenta a senhora Ng, interrompendo o seu passeio com a neta no jardim Lou Lim Ieoc.

Para a reformada de 60 anos, o abrandamento pode afetar os salários dos trabalhadores dos casinos mas será sempre "temporário". "De qualquer forma, os clientes são principalmente da China e nós, cidadãos de Macau, não vamos ao casino".

Opinião semelhante tem Lam, de 54 anos, que aproveitou a manhã solarenga para visitar o mesmo jardim: "Não me preocupo, não tem nada que ver connosco. Nunca fui jogar ao casino e acho que não há influência nenhuma nas pessoas de Macau".

Já o estudante de turismo Ho, de 21 anos, admite que a situação o inquieta porque "a indústria de jogo é a fonte principal dos rendimentos de Macau" e porque um agravamento do cenário pode prejudicar as suas probabilidades de encontrar um bom emprego.

No entanto, o estudante salienta que esta "é uma boa oportunidade para o Governo de Macau mudar a fonte principal de rendimentos e focar-se noutras indústrias".

Mais apreensiva mostra-se a senhora Chen, cujo filho é trabalhador num casino. "Vai ter grandes efeitos porque a fonte principal das receitas de Macau vem dos casinos, vai causar desemprego e as pessoas vão ter de ir para fora, onde há muita competição", lamenta.

ISG // JMR

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