O diretor-geral dos serviços
secretos australianos denunciou hoje atividades de espionagem e interferências
estrangeiras no país “numa escala sem precedentes”.
“Espionagem, interferência,
sabotagem e atividades internas maliciosas podem causar danos catastróficos aos
interesses do nosso país”, disse Duncan Lewis ao Senado australiano.
em especificar os países em
causa, Duncan Lewis acusou vários países de tentarem aceder a informações
confidenciais sobre alianças estratégicas da Austrália, como as questões
militares, económicas e energéticas, tentando influenciar secretamente os
pontos de vista das autoridades, dos cidadãos e dos meios de comunicação do
país.
“A realidade é que estes atos de
espionagem e interferência estrangeira vão contra os interesses australianos,
tanto na Austrália como no exterior", disse o responsável, de acordo com a
agência local AAP.
Estas afirmações proferidas por
Duncan Lewis vêm na sequencia da declaração, na terça-feira, do deputado
liberal Andrew Hastie que acusou o multimilionário australiano Chau Chak Wing,
importante financiador de partidos políticos no país, de estar implicado num
suposto suborno a um alto funcionário da ONU.
No final do ano passado, o
governo australiano anunciou um pacote de reformas contra interferências
estrangeiras que, caso seja aplicado, vão implicar uma ampla reforma em
matérias como espionagem e doações políticas.
Esta proposta de lei foi a
resposta do Governo a alegadas interferências e doações a partidos australianos.
Denúncias feitas na quarta-feira
no Parlamento australiano pelo deputado Andrew Hastie, que preside ao Comité
Conjunto de Inteligência e Segurança do Parlamento, adensaram a tensão
diplomática entre Camberra e Pequim.
Na Austrália, é claro que o Partido
Comunista Chinês está a trabalhar para, dissimuladamente, interferir nos
'media' e universidades, bem como para influenciar o nosso sistema político e
debate público", afirmou Andrew Hastie.
O deputado explicou então que as
suas declarações foram motivadas pelo alegado envolvimento da Rússia nas
eleições de 2016 nos Estados Unidos e pela crescente influência da China no
cenário político global.
A China já havia protestado face
ao anúncio do primeiro-ministro, Malcolm Turnbull's, em dezembro, de que a Austrália
iria banir as interferências estrangeiras na política, fossem estas realizadas
através de espionagem ou de doações financeiras.
O primeiro-ministro da Austrália
afirmou, por sua vez, que não tinha sido avisado com antecedência sobre as
declarações do deputado, mas sublinhou que estas não constituíam uma novidade.
Depois da China pedir "ações
concretas" por parte da Austrália para que fossem melhoradas as relações
entre os dois países, Malcolm Turnbull respondeu na quinta-feira: "O
Ministério dos Negócios Estrangeiros [chinês] tem o direito de fazer as
declarações que entender, mas nós temos um forte relacionamento, que é franco".
Lusa | em SAPO TL
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