Díli, 21 mai 2019 (Lusa) -- Um
responsável da União Europeia considerou hoje que a China é um ator global
importante e pode ser um parceiro de Timor-Leste, mas defendeu que este país
deve diversificar ao máximo as suas parcerias internacionais.
"A China é um ator
importante, mas não metam os ovos todos no mesmo cesto. Acho que isso é o que
eles querem fazer: ter o maior número de amigos possíveis. Trata-se de
diversificar", disse à Lusa o secretário-geral Adjunto do Serviço Europeu
de Ação Externa (SEAE), Jean-Christophe Belliard.
A questão da China foi um dos
assuntos na agenda do quinto diálogo político anual entre a UE e Timor-Leste, hoje
em Díli, que decorreu no âmbito do Acordo de Parceria África, Caraíbas e
Pacífico (ACP) - UE (Cotonou) e que foi copresidida por Belliard e pelo
ministro dos Negócios Estrangeiros timorense, Dionísio Babo.
Questionado sobre o mesmo
assunto, Babo disse à Lusa que Timor-Leste ouve todas as opiniões e que
continua a apostar em fazer "muitos amigos".
"Os europeus e os americanos
têm as suas opiniões. Timor-Leste é um país soberano e independente e
trabalhamos para fazer muitos amigos e zero inimigos", afirmou.
"Como país soberano,
queremos que os nossos passeiros, sejam europeus e americanos, seja a China ou
outros, respeitem a nossa soberania e trabalhem numa parceira de igualdade e
não de imposição de interesses", sublinhou.
Em termos mais amplos, o encontro
de Díli permitiu segundo Belliard cimentar a cooperação de longa data da União
Europeia com Timor-Leste, que pelas suas vertentes -- ligado ao Pacífico, mas
com aspirações de integrar a Associação de Nações do Sudeste Asiártico (ASEAN)
-- tem acesso a vários canais de apoios europeus.
Recordando que a adesão à ASEAN
obrigará Timor-Leste a um conjunto de reformas -- como melhorar as condições
para fazer negócio no país -- Belliard disse que a UE está disponível para
apoiar a responder aos desafios existentes, incluindo combater a corrupção e a
diversificar a economia.
"E em tudo isto a UE está
aqui para os apoiar, para ajudar a que alcancem estes objetivos. A UE e
Timor-Leste têm muito em comum: são democracias, apoiam a prática de direitos
humanos. Temos todas as razões para trabalhar com Timor-Leste. E vamos
continuar a fazê-lo", afirmou.
"Apesar do 'Brexit', a UE
aumentou o seu orçamento externo em 30%. É um valor considerável para todo o
mundo e Timor-Leste faz parte. Há alguns problemas aqui, alguns problemas
sociais, e estaremos aqui com Timor", frisou.
Dionísio Babo, por seu lado,
recordou que a cooperação da UE é de longa data, com diálogo permanente e
regular, tendo o encontro de hoje analisado questões como a boa governação,
direitos humanos, democracia e aspetos setoriais sobre o desenvolvimento e a
sustentabilidade dos programas, incluindo agricultura e pescas, produtividade,
desenvolvimento rural e infraestruturas.
No campo das alterações
climáticas -- um dos temas da relação da UE com o Pacífico -- Timor-Leste
defende que o assunto seja contextualizado com aspetos como a segurança
alimentar e a produção agrícola, "questões de prioridade em
Timor-Leste".
"Por isso é importante
colocar parte do fundo à disponibilidade de Timor para poder conformar-se com
as prioridades do desenvolvimento, especialmente as referidas no Plano
Estratégico de Desenvolvimento Nacional (PEDN)", notou.
A reunião de Díli contou com a
participação, entre outros, dos ministros da Agricultura e Pescas, e das Obras
Públicas, da ministra interina das Finanças, do ministro interino da
Administração Estatal, bem como da secretária de Estado para a Igualdade de
Género e Inclusão, do secretário de Estado para a Proteção Civil e o comissário
da Comissão Anticorrupção.
O Acordo de Cotonu estabeleceu a
cooperação da União Europeia para o desenvolvimento económico, social e
cultural dos Estados de África, das Caraíbas e do Pacífico (ACP).
ASP // VM
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