Maliana, Timor-Leste, 22 mai 2019
(Lusa) -- A ministra da Educação timorense quer os Centros de Aprendizagem e
Formação Escolar (CAFE), onde lecionam professores portugueses e timorenses,
cada vez mais independentes, com intervenção nas escolas públicas vizinhas.
"Talvez este seja o caminho
a percorrer, por um lado tornar as escolas CAFE mais independentes e, por
outro, alargar ainda mais a intervenção às escolas vizinhas", afirmou
Dulce Soares, na inauguração, na terça-feira, das novas instalações do CAFE de
Maliana.
"Não há dúvidas, nem se pode
questionar a continuidade do projeto dos CAFE, que vão continuar a existir, vão
alargar as suas turmas até ao 12.º ano. Depois, em conjunto com Portugal,
nomeadamente através da Embaixada de Portugal, vamos definir estratégias",
disse.
Dulce Soares falava em Maliana,
onde na terça-feira foram inauguradas as novas instalações do CAFE, uma obra
que começou em 2012, mas que só foi concluída este ano, contando com 12 salas
de aulas, sala de professores, espaço multimédia e biblioteca.
Dulces Soares reconheceu que,
apesar de novas, as instalações são insuficientes pelo que o CAFE de Maliana
continuará a usar salas da Escola Básica Central de Odomau.
A situação arrastava-se desde
2010, "colocando, infelizmente, em causa o normal funcionamento das
escolas", mas, segundo a ministra, acabando por ter tido benefícios para
os professores timorenses.
"A convivência diária entre
os professores das duas escolas permitiu, com certeza, a aprendizagem mútua e o
melhoramento de conhecimentos por parte de todos. O facto de continuarem a
funcionar algumas turmas CAFE na Escola de Odomau só vai permitir que continue
a acontecer essa partilha de troca de conhecimentos e experiências",
disse.
A ministra disse que o facto da
colaboração continuar ajuda a "reforçar a atuação das Escolas CAFE numa
das suas linhas de intervenção, nomeadamente na formação e no reforço das
capacidades dos professores e dos administradores das escolas públicas
locais".
"Como sempre, sei que a
Embaixada de Portugal e a Cooperação Portuguesa nos vão ouvir e que juntos
vamos concordar nas direções que vamos tomar", disse.
Intervindo na mesma ocasião, o
embaixador de Portugal em Díli, José Pedro Machado Vieira, disse que o centro
de Maliana é "testemunho inequívoco" da aposta do Governo timorense
"na Educação e na promoção e a consolidação da língua portuguesa" no
país.
"Este é um projeto
considerado por Portugal e, permito-me referir, também por Timor-Leste, de
extrema importância para o desenvolvimento e para a maior qualificação do
sistema educativo bem como para o cumprimento das prioridades estratégicas
definidas pelo Governo de Timor-Leste no domínio da Educação", referiu.
Escolas, disse, que "têm
também como objetivo reforçar a vertente de formação de docentes
timorenses" com "ações de capacitação em matéria de formação de
professores e de quadros da administração e gestão escolar timorenses".
"É conscientes da
importância da educação, e face à priorização deste setor pelas autoridades
timorenses, com o objetivo de promoverem a redução da pobreza e garantirem um
futuro melhor ao país, através da formação adequada dos recursos humanos, que a
Cooperação Portuguesa tem vindo a prestar particular atenção e dedicado
especial empenho nas ações que tem levado a cabo no setor da Educação, para as
quais é destinada mais de 80 % da ajuda pública afeta a Timor-Leste",
recordou.
O que é hoje o Centro de
Aprendizagem e Formação Escolar de Maliana -- atualmente uma das 13 escolas da
rede CAFE em todo o país - começou a funcionar como escola em 2010.
Um polo da Escola Portuguesa de
Díli que, como recordou Dulce Soares, foi "das primeiras escolas, fora de
Díli, a ter apoio permanente de professores portugueses", contando com
seis docentes com duas turmas cada do pré-escolar e do 1.º e 2.º anos,
abrangendo assim apenas 120 alunos.
Na altura, a escola ainda seguia
o currículo português "e, por isso, não integrava a rede pública de escolas
timorense, nem tinha a colaboração de professores timorenses", situação
que mudou depois do protocolo de 2011 com o Ministério da Educação português.
"A partir de então, foram
criadas, em todos os municípios, as chamadas Escolas de Referência, que usavam
o currículo nacional de Timor-Leste, os manuais e o calendário escolar, de
janeiro a dezembro, ensinando, por consequente, também a língua tétum",
recordou.
Um novo acordo levou, a partir de
2015, a
outras alterações, incluindo à transformação das Escolas de Referência nos
atuais Centros de Aprendizagem e Formação Escolar (CAFÉ).
Hoje, recordou, a escola continua
a crescer com turmas até ao 10.º ano e um total de 641 alunos, com 12
professores portugueses e nove timorenses, estando três outros a ser recrutados.
Lina Vicente, coordenadora dos
CAFE disse à Lusa que o projeto conta atualmente com 140 professores
portugueses e cerca de 200 timorenses, abrangendo 8.252 alunos nos vários
níveis de escolaridade.
Nove das escolas têm já turmas do
nível secundário.
ASP // MSF
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