Lisboa,
21 dez (Lusa) - O presidente da União de Exportadores da CPLP considerou hoje
que a melhor solução para evitar os efeitos da crise cambial em Angola e
Moçambique é produzir localmente em vez de exportar para esses países.
"Temos
de deixar de encarar cada vez mais os negócios entre países da Comunidade de
Países de Língua Portuguesa (CPLP) como um negócio em que um compra
matérias-primas baixas, coloca valor acrescentado e repatria todo o dinheiro, e
passar a pensar em estar no local, internacionalizar-se, deslocalizar as
empresas", disse Mário Frota.
Em
declarações à Lusa, o presidente da associação de exportadores neste espaço
geográfico sublinha que a solução "não é exportar, é as empresas
internacionalizarem-se, abrir uma empresa de direito local, levar 'know-how',
maquinaria, dar formação aos locais, e produzir e reinvestir em moeda local
tudo o que receberem e depois tentar exportar para os outros países [das
regiões económicas] que não têm tanto problema em repatriar o dinheiro".
O
espaço da CPLP é "um mercado de oportunidades" porque, na sua
opinião, "o problema é cambial, não é económico, e esse é o mais delicado,
mas estamos a viver um período de especulação [com as moedas nacionais] e
guerras petrolíferas que afeta gravemente estas economias".
Mário
Forta admitiu que a crise cambial tem efeitos adversos, mas considerou que
podem ser transformados em oportunidades, e exemplificou: "Moçambique
restringiu muito as exportações de madeira, mas isso incentiva a que as
empresas vão para lá, principalmente porque há muitas fábricas desativadas em
Portugal, com as máquinas paradas, e essa desvalorização deixa de fazer sentido
se o dinheiro que estas fábricas fazem voltar a ser investido no próprio
mercado".
A
desvalorização cambial em Angola e Moçambique, motivada pela quebra do preço do
petróleo e consequente descida da entrada de divisas, "preocupa muito os
empresários que estão nestes países, mas temos aconselhado a que não tenham em
moeda as margens e os lucros, mas sim reinvestir no país e exportar" para
outros mercados.
"Os
mercados tradicionais continuam a ser importantes mas as empresas começam a ir
para o desconhecido, porque Angola e Moçambique todos conhecem, mas Cabo Verde,
Guiné Equatorial nunca foram vistos como oportunidades dada a dimensão do mercado,
mas se pensarem em termos de abrangência das zonas de comércio que existem já
estão a perceber que existem oportunidades de negócio", acrescenta o líder
da união dos exportadores lusófonos.
Sobre
a evolução da crise cambial, Mário Frota diz que "todos pensam que o preço
do petróleo não vai ficar nestes níveis por muito mais tempo", e
acrescenta que em dois ou três anos o valor subirá "não para os níveis
especulativos anteriores, mas também não os atuais, e já não teremos o problema
da depreciação".
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