Suzana
Cardoso – Timor Post
Lisboa
é a cidade mais populosa em Portugal, com uma história de mais de oito séculos
de conquistas, descobrimentos, terramotos, invasões, monarquia e
república, ditadura e democracia. Os lisboetas são devotos de S.
António, que festejam no início do Verão, nas suas velhas ruas e praças, mas
na bandeira do município, um barco e os corvos garantem a viagem das relíquias
do seu santo padroeiro, S. Vicente, que assim chegou a Lisboa, no século XII.
E
se a vibração das asas destes pássaros negros marca a história de Lisboa,
também os barcos e o largo rio Tejo estão lá, no porto de Lisboa. Uma cidade
com uma luz única, muita pedra branca na calçada e nas encostas das sete
colinas da capital portuguesa, tornada um destino turístico de excelência. Do
rio Tejo, os portugueses também partiram para o mundo, pelo mar Atlântico até à
Madeira e Açores, depois para África, para a América do Sul e, finalmente, para
a Ásia e para a Oceânia, com a chegada a terras de Timor.
Hoje,
a capital de Portugal recebe gente de todos os continentes e tem gosto em
partilhar os seus edifícios históricos, os jardins refrescantes e as suas
praças monumentais. Embora tenha mais de oitocentos e cinquenta anos de trocas
internacionais, permanece autêntica, bem conservada e com uma cultura muito
viva, popular e moderna.
A
reabilitada Ribeira das Naus (antiga doca do porto de Lisboa) mostra esse
encontro de gente do mundo que se passeia devagar junto ao rio, enquanto anda
de bicicleta ou toma um refresco ao fim da tarde. Quando se entra na Praça do
Comércio (antigo Terreiro do Paço por lá viverem os reis antes do terramoto de
1755), o monumento ao rei D. José I, virado para o Cais das Colunas, mostra
como a cidade tem uma ampla sala de visitas. E no Arco da Rua Augusta também
não se esquece a obra do Marquês de Pombal, o primeiro-ministro que reconstruiu
Lisboa no século XVIII e a tornou moderna, tal como Vasco da Gama a trouxe para
a história global.
Ali,
bem perto, na chegada ao edifício de onde se proclamou a República em 1910,
hoje sede da Câmara Municipal Lisboa, a bandeira com os dois corvos e a nau
ondula com a brisa que vem do rio, enquanto o actual presidente Fernando
Medina, se dirige em passo rápido para a Baixa pombalina. Nas ruas largas, há
quem pare a ver as montras das lojas de roupa, de calçado, de decoração, as
ourivesarias, os artigos de desporto e das novas tecnologias. E também há quem
aprecie o trabalho feito na hora pelos artesãos e pelos desenhadores ou a música,
a dança e as performances dos artistas de rua.
A
escalada da colina continua até ao Chiado, passando por pátios e ruas mais
estreitas, onde as livrarias, os cafés e os restaurantes se enchem de locais e
turistas. As igrejas lá estão um pouco por todo o lado, a dos Mártires de
Lisboa ou a da Encarnação, a prestar homenagem ao culto católico, mas também o
Festival ao Largo recebe os sons da Banda da Guarda Nacional Republicana e o
Coro do Teatro Nacional de S. Carlos, essa jóia única da Ópera portuguesa desde
o século XVIII.
A
poucos metros, o incontornável café “A Brasileira” chama os visitantes para um
café e pastelaria local, enquanto muitos outros não resistem a uma fotografia
“para mais tarde recordar” junto à estátua do poeta modernista Fernando Pessoa,
bem próximo do também poeta Chiado.
Logo
a seguir, surge o Largo de Luís de Camões, outro poeta português que ao narrar
a epopeia portuguesa dos descobrimentos em “Os Lusíadas”, nos aproxima ainda
hoje desse outro mito nacional, o gigante Adamastor, que descansa desde o século
XX num miradouro virado para o Tejo, a sonhar com o oceano Atlântico que,
afinal, começa ali, muito perto de Lisboa. Agora, ao fim da tarde,
moradores e turistas juntam-se neste miradouro de Sta. Catarina para apreciar o
pôr do sol no rio e a recuperar as energias de mais um dia na cidade. (Editado
por Cristina Guerreiro)
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