Díli,
22 set (Lusa) - O julgamento de duas ex-ministras timorenses acusadas de
participação económica em negócio e administração danosa, vai ter mais uma
sessão, a 21 de outubro, para uma das arguidas fazer a sua declaração final.
Essa
sessão, que ocorre já depois das alegações finais - que hoje terminaram -
servirá apenas, como explicou o juiz José Maria Araújo, que preside ao
processo, para que a ex-ministra das Finanças Emília Pires, uma das arguidas,
possa fazer a sua declaração final.
As
arguidas são Emília Pires e a ex-vice ministra da Saúde Madalena Hanjam, que
são acusadas de irregularidades na compra de centenas de camas hospitalares em
contratos adjudicados à empresa do marido de Emília Pires, com um suposto
conluio entre os três para a concretização do negócio, no valor de 800 mil
dólares.
A
decisão do tribunal de adiar para hoje as alegações da defesa - quando estavam
inicialmente marcadas para terça-feira - impediu que Emília Pires pudesse estar
presente porque, com autorização dada pelo tribunal em julho e confirmada na
terça-feira, deslocou-se ao estrangeiro em visita de representação do Estado
timorense.
"O
tribunal só quer informar que marca para o dia 21 de outubro a sessão apenas
para ouvir a senhora Emília Pires. E no dia 21 será marcada a data para a
leitura da sentença, que não será muito tempo depois", explicou o juiz.
Na
terça-feira, nas suas alegações finais, a equipa do Ministério Público -
formada pelos procuradores Angelina Saldanha, Jacinto Babo e Lídia Soares -,
deu todas as alegações como provadas e pediu penas de prisão de 10 anos para
ambas.
As
alegações finais da defesa ficaram marcadas, quer no caso de Morais Sarmento
(da defesa de Madalena Hanjam) quer no caso de Frederico Bettencourt Ferreira,
(da defesa de Emília Pires), por duras críticas ao Ministério Público e à forma
como o processo foi conduzido desde o início, em 2012.
Hoje
foram ouvidas as alegações finais das duas equipas mistas de defesa, formadas
por advogados timorenses e portugueses e a declaração final de Hanjam.
"Eu
respeito a justiça de Timor-Leste, respeito o MP, respeito os advogados",
disse Hanjam na sua declaração final, recordando a sua história de serviço ao
país e garantindo que sempre cumprir todos os procedimentos em todas as funções
que cumpriu.
"Pensar
que o meu interesse é fazer alguém ficar rico, então faria para mim. Eu tenho o
meu salário e chega-me. Não quero tornar-se rica. Tenho ética. Usar a seringa,
que é para cuidar as pessoas, para enriquecer não é comigo. Se o mundo
acreditar ou não na minha inocência, continuarei a trabalhar com
profissionalismo", considerou.
Hanjam,
mãe de quatro filhos, afirmou que sempre cumpriu o seu serviço com totalmente
humildade e pediu ao tribunal para que a julgue "com objetividade".
Bettencourt
disse apenas que a sua cliente - que regressa a Timor-Leste a 20 de outubro -
lhe manifestou "enorme tristeza pela forma como o seu nome foi tratado
nestes últimos anos".
"Sempre
desempenhou as suas funções ao serviço de Timor, exigindo o cumprimento da lei,
lutando pela implementação de cumprimentos rigorosos", disse.
Para
trás neste julgamento ficaram dezenas de audiências que começaram há um ano e
em que foram ouvidas dezenas de testemunhas, incluindo alguns dos principais
líderes timorenses, nomeadamente os ex-Presidentes Xanana Gusmão e José
Ramos-Horta e o ex-primeiro-ministro Mari Alkatiri.
ASP
// VM
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