Díli, 30 nov (Lusa) - Uma
dirigente da ONU saudou hoje os esforços de Timor-Leste no combate ao
tabagismo, defendendo mais medidas contra outros fatores de risco, que
continuam a ser responsáveis pela proliferação de doenças não-transmissíveis no
país.
"Temos que mudar os hábitos
e envolver a comunidade. Temos também que pensar no ambiente em que as pessoas
vivem. Podem ser mais ativas, comer de forma mais saudável", disse à Lusa
a vice-diretora geral para Doenças Não-Transmissíveis e Saúde Mental da Organização
Mundial de Saúde (OMS), Svetlana Akselrod.
Akselrod sublinhou que é
essencial agir para prevenir estas doenças, combatendo especialmente os fatores
de risco.
Consumo de tabaco, elevado
consumo de álcool, dieta pouco saudável, pouca atividade física estão entre os
principais comportamentos de risco responsáveis por algumas das principais
doenças no país: problemas cardiovasculares, cancro, doenças pulmonares
crónicas e diabetes.
Timor-Leste já introduziu várias
medidas preventivas, especialmente no combate ao tabaco. O país tem os maiores
avisos do mundo, que cobrem 92,5% dos maços de tabaco com texto e, sobretudo,
imagens.
Mas pode fazer mais, defendeu
Akselrod, dando como exemplo mais impostos sobre o tabaco e o álcool como
estratégias para reduzir o consumo. "Os dados mais recentes mostram que
investir nestas medidas é vantajoso. Investir um dólar agora poderá poupar sete
em 2030", disse.
O novo plano de ação das
autoridades timorenses, apresentado agora, segue-se ao que esteve em vigor nos
últimos anos e que pretende combater a morbidade evitável, incapacidade e morte
prematura devido a doenças não-transmissíveis (DNT).
O representante da OMS para
Timor-Leste, Rajesh Pandav, explicou que o plano de ação multissetorial para a
prevenção e controlo de doenças não-transmissíveis (2018-2021) é um passo
importante para combater doenças não-transmissíveis, incluindo doenças
cardiovasculares e doença pulmonar obstrutiva crónica, que "estão entre as
dez principais causas de mortalidade" em Timor-Leste.
De acordo com dados citados no
documento, as doenças não-transmissíveis são responsáveis por 44% de todas as
mortes, um número que pode ser ainda maior, disse Pandav, uma vez que a falta
de registos adequados dificulta a análise.
Fatores de risco, como o consumo
de álcool e de tabaco, uma dieta pouco saudável e um elevado uso de sal, estão
entre as principais causadas das DNT.
"Os timorenses estão entre
os maiores consumidores de tabaco do mundo, com 70% dos homens e 10% das
mulheres a fumar, o que os torna vulneráveis ao cancro e às doenças
pulmonares", referiu.
A obesidade afeta 8% dos homens e
17% das mulheres, enquanto 39% dos adultos timorenses têm pressão arterial
elevada e 21% têm níveis altos de colesterol. "A maioria dos casos de
diabetes e hipertensão não é detetada e, portanto, não é tratada", disse
Pandav.
O Estado timorense gasta quatro
milhões de dólares (3,5 milhões de euros) por ano a enviar pacientes para o
exterior.
ASP // EJ
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