Lisboa, 30 nov (Lusa) - O
orçamento de 2019 do Camões não deverá baixar face a 2018, ficando entre 60 e
70 milhões de euros, e é suficiente para cumprir os objetivos da entidade,
agregando orçamento de instituições europeias, disse hoje o seu presidente.
Em entrevista à Lusa, a propósito
do seu primeiro mandato como presidente do Camões - Instituto da Cooperação e
da Língua, Luís Faro Ramos afirmou que, no próximo ano, o Orçamento do Estado
deve prever "um valor entre 60
a 70 milhões de euros", mas o responsável ressalvou
que ainda se desconhecem quais serão as cativações.
No ano passado, o orçamento do
Camões "foi de 60 milhões de euros, mas desse valor, 20 milhões são para
pagar à rede de professores de ensino do português no estrangeiro",
destaca.
O facto de não estar prevista uma
diminuição do orçamento no próximo ano já é, para Faro Ramos, "muito
bom".
Além disso, explica, o Camões
está a tentar agregar ao orçamento financiado pelo Orçamento Geral do Estado
"orçamento que vem de instituições europeias".
"Existe uma modalidade de
cooperação para o desenvolvimento, que é a cooperação delegada, que o Camões,
que é uma entidade certificada para executar projetos em nome da União Europeia
irá aproveitar", explicou.
"Isto também nos ajuda a
reforçar a área da cooperação", afirmou o diplomata.
Por isso, assegurou, "os
recursos financeiros do instituto são suficientes [para dar resposta às
ambições do Governo em termos de metas]", mas é necessário alocá-los
"de uma maneira judiciosa às várias atividades - cooperação, cultura e
língua -, e obviamente à estrutura, que tem um peso significativo no orçamento",
sublinhou.
"Temos o que
precisamos" e as metas coadunam-se com o orçamento, garantiu Faro Ramos.
No âmbito da cooperação delegada,
estão alguns dos projetos que estão a ser pensados com Angola e que vão ser
certamente executados nos próximos anos. "Projetos, aliás, muito
importantes e que se enquadram num contexto do novo relacionamento estratégico
com Angola", afirma o diplomata.
Luís Faro Ramos faz um balanço
"positivo" de um ano de mandato à frente do Camões e diz que as
perspetivas para 2019 também são boas.
"Obviamente que também houve
dificuldades, mas também se não as houvesse não teria sido tão desafiante. É o
que temos, os recursos humanos que temos e os recursos financeiros que temos. E
os números estão todos em
crescimento. O balanço de 2018 é muito positivo e as
perspetivas para o próximo ano também", afirmou.
"Há mais alunos a estudar de
português pelo mundo fora, 200 mil, há mais professores, há mais pessoas
interessadas em aprender o português, há mais protocolos com instituições de
ensino assinados, há mais países onde o português está a ser ensinado no
currículo escolar, há mais atividades culturais", descreveu.
O embaixador revela ainda que
"todos os dias" recebe pedidos no Camões, vindos do mundo inteiro, de
autoridades que querem ensinar o português ou ações culturais com o Camões e
isso, considerou, "é o mais compensador".
E sublinha que esse é o resultado
de um trabalho "notável" da equipa, tanto a da sede, em Lisboa, como
a que trabalha um pouco por todo o mundo, num total de 600 pessoas.
Sobre a escolha de um diplomata
para o lugar que ocupa, Faro Ramos diz que "é um reconhecimento do valor
da carreira diplomática portuguesa".
"Isso é reconhecer que as
atividades do instituto, seja a promoção da língua e cultura portuguesas, seja
a cooperação para o desenvolvimento, são centrais para a política externa do
nosso país e isso é muito reconfortante", destacou.
A rede do Camões alcança mais de
80 países, embora na área da cooperação as prioridades do instituto vão, como
definido há muito pelo Governo português, para os países africanos de língua
portuguesa e Timor-Leste.
Para 2019, além do crescimento do
ensino do português pelo mundo e do reforço da cooperação Luis Faro Ramos, quer
também aumentar o número de bolseiros.
"O Camões pretende reforçar
o número de bolsas atribuídas em 2019", disse o presidente do instituto,
não querendo avançar com metas.
Atualmente, o Camões tem mais de
500 bolseiros dos países africanos de língua portuguesa e de Timor-Leste, seja
em bolsas externas (as que os estudantes desses países recebem para estudar em
Portugal), seja em internas (as que os aluno recebem para estudarem nos seus
próprios países), adiantou.
Mas na opinião do diplomata,
"em termos de promoção dos nossos valores, as bolsas são
fundamentais".
"Dar a um estudante de um
país lusófono uma bolsa no nosso país, é estarmos a dar-lhe diretamente a
conhecer os nossos valores, a nossa cultura e economia", salientou.
Além disso, os bolseiros são
pessoas que normalmente "no futuro terão um papel importante a desempenhar
nos seus países" e são por isso "absolutamente fundamentais na
política portuguesa de cooperação para o desenvolvimento".
Faro Ramos lembrou ainda que,
além destas bolsas que o Camões atribui, "há inúmeras outras bolsas que as
universidades portuguesas dão a pessoas dos países lusófonos".
ATR // JH
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