quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

Duodécimos e não nomeação de membros do Governo timorense dificultam trabalho - ministro


Díli, 09 jan (Lusa) - O facto de Timor-Leste começar o ano em duodécimos e ainda sem a nomeação pelo Presidente de cerca de uma dezena de membros do Governo, criam um cenário "pouco ideal" à governação, disse hoje um dos ministros timorenses.

"É um cenário pouco ideal. Num cenário ideal, o Governo teria todos os membros, mas neste momento ainda não os temos e continuamos à espera da nomeação dos restantes, entre eles nove ministros", disse à Lusa Fidelis Magalhães, ministro da Reforma Legislativa.

"E ter novamente que recorrer ao regime duodecimal também não é um contexto ideal para a ação do Governo, que tem certas limitações legais em termos da sua capacidade financeira", afirmou.

Um cenário, disse, que o Governo espera que dure só no mês de janeiro - até ao momento da promulgação do Orçamento Geral do Estado (OGE) de 2019 pelo Presidente da República - mas que está a ter "implicação no desenvolvimento e crescimento económico de Timor-Leste".

Timor-Leste vive desde 2017 num cenário de grande tensão política, com o país obrigado a realizar eleições antecipadas em 2018 depois da dissolução do parlamento eleito no ano anterior e a queda do Governo minoritário liderado pela Fretilin.

A Aliança de Mudança para o Progresso (AMP), uma coligação de três forças políticas - CNRT, PLP e KHUNTO - obteve maioria absoluta nessas eleições antecipadas.

Apesar dessa maioria, a ação do Governo tem estado condicionada em parte pelo facto de Francisco Guterres Lu-Olo não nomear vários membros do Governo, propostos pelo primeiro-ministro, por terem "o seu nome identificado nas instâncias judiciais competentes" ou terem "um perfil ético controverso".

Uma situação que tem feito aumentar a tensão entre o Governo e as suas bancadas no Parlamento e o Presidente, e que pode ainda crescer se o chefe de Estado vetar o OGE.

Toda a situação política tem provocado uma forte contração na economia, com empresas a fechar, empresários a queixarem-se de não receberem do Estado, estimando haver dívidas acumuladas de centenas de milhões de dólares, e atrasos em vários projetos de grande dimensão.

"A grande maioria dos recursos fiscais vem do Orçamento Geral e dos cofres do Estado. Esperamos que isto acabe o mais brevemente possível e que o regime duodecimal seja aplicado apenas para este mês", disse Magalhães.

"Se for só durante um mês, teremos OGE em fevereiro. E eu diria que a vida económica voltaria ao normal, retomando o ritmo de crescimento", afirmou.

Enquanto isto, o Governo timorense começou hoje a analisar um conjunto de notas conceptuais sobre os três eixos da reforma em curso: a judicial e a legislativa, a par da inovação administrativa.

As notas conceptuais, apresentadas na reunião de hoje do Conselho de Ministros por Fidelis Magalhães, são, explicou, para já um esboço de documentos "transversais" e "integrados" que contam com o contributo de vários setores do Governo e que vão ser agora finalizados.

"Queremos promover a inovação administrativa e ligar as três áreas de reforma, num contexto amplo de manter a interligação entre esse processo, de forma a modernizar o Estado", explicou.

As notas conceptuais devem ser transformadas agora em resoluções e regressar ao Conselho de Ministros.

ASP // VM

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