quarta-feira, 13 de julho de 2016

ONG timorense reitera preocupação com impacto do orçamento retificativo para 2016


Díli, 12 jul (Lusa) - A organização não-governamental timorense La'o Hamutuk reiterou hoje, numa submissão ao Parlamento Nacional, a sua "extrema preocupação" pelo impacto que o orçamento retificativo que começou hoje a ser debatido terá na "riqueza limitada" do país.

No texto endereçado aos deputados a organização contesta a proposta do Governo de acrescentar 391 milhões de dólares ao orçamento deste ano, que passaria a ser assim de 1,95 mil milhões de dólares, "o maior da história de Timor-Leste".

Trata-se de um aumento de gastos, sublinha, que "equivale a quase seis dólares por cada família timorense por dia, mais do que 40% dos cidadãos têm para gastar no seu dia-a-dia" e que é mais, por si só, do que tudo o que o país gastará este ano em saúde, educação, polícia, forças armadas, agricultura e solidariedade social juntos".

A revisão às contas, refere o texto, "poderá desperdiçar a riqueza limitada de Timor-Leste, enfraquecendo ainda mais a sustentabilidade do Fundo Petrolífero, gastando dinheiro público em projetos sem benefícios claros".

Em concreto, a La'o Hamutuk contesta projetos como o investimento na Zona Económica Exclusiva de Oe-Cusse, no projeto Tasi Timor, no sul da ilha, no Porto de Tibar e no Aeroporto de Díli.

Projetos, sustenta, que "não darão suficientes benefícios para as atuais e futuras gerações de timorenses" que deveriam ser os principais beneficiários do Fundo Petrolífero, como define a lei.

O texto recorda que a maior fatia dos gastos públicos virão do Fundo Petrolífero, um recurso limitado, e considera que o Governo "já nem faz de conta que gasta sustentavelmente".

"O orçamento retificativo será retirado totalmente do Fundo Petrolífero. Pede que se gaste este ano 9,2% de toda a riqueza petrolífera de Timor-Leste, mais do triplo do Rendimento Sustentável Estimado (RSE)", refere.

A previsão da organização é que, se a tendência de gastos se mantiver, o Fundo Petrolífero poderá estar esgotado em 10 anos ou menos.

O fundo, sublinha, era no final de maio de 2016, de 16.591 milhões de dólares, 541 milhões a menos que um ano antes, com "várias distorções" nas previsões de receitas feitas pelo Governo nos seus textos orçamentais.

A organização pede ao Parlamento Nacional que não aprove o orçamento e muito menos "à pressa" antes da interrupção para férias - que começa no final desta semana - considerando que ainda há dinheiro disponível para as necessidades até que o debate possa ser retomado posteriormente.

ASP // VM

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