Manila,
11 jun (Lusa) - O Presidente eleito das Filipinas, Rodrigo Duterte, não apoia
execuções extrajudiciais, disse hoje o seu porta-voz, em resposta a críticas de
responsáveis e organismos das Nações Unidas.
"O
Presidente eleito não apoiou - não pode - e nunca vai apoiar execuções
extrajudiciais, que são contrárias à lei", disse Salvador Panelo.
O
porta-voz acrescentou que Duterte "não tolera" o assassínio de
"jornalistas ou quaisquer outros cidadãos".
Salvador
Panelo considerou que os responsáveis das Nações Unidas, incluindo o
secretário-geral, Ban Ki-moon, estavam mal informados quando condenaram Duterte
por, aparentemente, tolerar o homicídio de jornalistas e apoiar as execuções
extrajudiciais.
Num
discurso em Nova Iorque na quarta-feira, Ban Ki-moon disse estar
"extremamente perturbado" com as observações de Duterte, em especial,
com os seus comentários para justificar o assassínio de jornalistas.
Também
os relatores da ONU sobre execuções sumárias, Christof Heyns, e promoção da
liberdade de expressão, David Kaye, criticaram na segunda-feira passada as
declarações de Rodrigo Duterte.
Heyns
e Kaye, respetivamente relator especial sobre execuções extrajudiciais,
sumárias ou arbitrárias e relator especial para a promoção e proteção do
direito à liberdade de opinião e expressão, exortaram Duterte a acabar "de
imediato" com os discursos que instigam à violência.
Duterte,
de 71 anos, venceu as eleições presidenciais em maio, tendo seduzido o
eleitorado com um discurso em torno de dois problemas centrais no país, a
criminalidade e a pobreza, o primeiro dos quais prometeu resolver matando
milhares de criminosos.
Na
semana passada, afirmou que os repórteres, "só porque são jornalistas, não
estão isentos de serem assassinados".
Duterte
citou o caso de Jun Pala, assassinado em 2003.
"Não
quero diminuir a sua memória, mas ele era um filho da mãe podre. Mereceu",
afirmou.
Estas
declarações desencadearam receios de incitamento a mais assassínios de
trabalhadores dos meios de comunicação social.
"Uma
mensagem daquela natureza incita diretamente à violência e ao assassínio, num
país considerado o segundo mais letal para os jornalistas", declararam os
dois relatores da ONU num comunicado.
Heyns
e Kaye consideraram as declarações "extremamente irresponsáveis e
impróprias" de um líder político, especialmente de alguém que está prestes
a assumir a presidência de um país.
O
gabinete de Duterte já havia dito, durante a semana, que as suas declarações
foram tiradas de contexto e que o próximo presidente protegerá os direitos dos trabalhadores
dos meios de comunicação social e "processará os assassinos de
jornalistas".
Sete
repórteres foram assassinados nas Filipinas em 2015, segundo a Federação
Internacional de Jornalistas, que no seu último relatório refere ser este país
asiático o segundo com mais jornalistas assassinados desde 1990, a seguir ao
Iraque.
MP
(PAL) // MP
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