terça-feira, 21 de novembro de 2017

Estudantes e mochileiros estrangeiros são vítimas de exploração laboral na Austrália -- estudo

Sydney, Austrália, 21 nov (Lusa) -- Os estudantes estrangeiros e os mochileiros que trabalham na Austrália são vítimas de uma exploração laboral "endémica e grave" em diversas indústrias da Austrália, indicou um estudo hoje publicado no país oceânico.

Quase 30% dos estudantes internacionais e dos mochileiros que trabalham no país ganham por hora cerca de 12 dólares australianos (7,72 euros) ou menos, quando o salário mínimo legal previsto para o trabalho ocasional na Austrália é de 18,29 dólares australianos (11,7 euros) por hora, enquanto quase metade afirmou receber 15 dólares ou menos (11,32 euros).

A Austrália conta mais de 900 mil imigrantes com vistos temporários que representam até 11% do mercado laboral.

O estudo publicado abrange 4.322 migrantes de 107 nacionalidades diferentes, entrevistados de forma anónima entre setembro e dezembro de 2016 através da Internet em 13 idiomas. Mais de metade declarou-se como estudante, enquanto um terço afirmou ser mochileiro.


"Pelo menos um em cada cinco norte-americanos, britânicos, indianos, brasileiros e chineses ganharam cerca de metade do salário mínimo", indicou o relatório "Roubo Salarial na Austrália", elaborado pela Universidade Tecnológica de Sydney (UTS, na sigla em inglês) e pela Universidade de Nova Gales do Sul (UNSW, na sigla em inglês).

"Descobrimos que a esmagadora maioria dos estudantes internacionais e mochileiros têm consciência de que são mal pagos. No entanto, acham que poucos com o mesmo tipo de visto recebem o salário mínimo legal", explicou Bassina Farbenblum, da UNSW, uma das coautoras do estudo.

Os trabalhadores estrangeiros com vistos temporários procedentes da Ásia, incluindo da China, Vietname ou Taiwan, tendem a receber vencimentos menores do que os oriundos da América do Norte, Irlanda e Reino Unido, segundo um comunicado da UNSW.

O estudo, que também foi elaborado por Laurie Berg, da UTS, mostrou que a referida prática de 'roubo salarial' é particularmente prevalente no setor da restauração e "muito grave" na colheita sazonal de frutas e legumes.

Segundo o estudo, existem casos que podem mesmo configurar trabalho forçado. Em 91 casos, os entrevistados denunciaram que os seus passaportes foram confiscados, enquanto 173 relataram que tiveram que pagar antecipadamente um "depósito" de até 1.000 dólares australianos (643,3 euros) e 112 afirmaram ter sido obrigados a devolver dinheiro vivo aos empregadores depois de receberem os salários.

A ministra do Emprego australiana, Michaelia Cash, já reagiu ao relatório, pedindo aos jovens que se sintam explorados para contactar a entidade governamental responsável pelas condições de trabalho.

DM // EJ

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