Lisboa, 28 dez (Lusa) - O
presidente da Confederação Empresarial da Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa (CE-CPLP) lamentou hoje que os Estados não estejam a dar "a
atenção suficiente" ao potencial de complementaridade económica que os países
lusófonos têm.
"Angola, Moçambique e Brasil
passaram por tempos difíceis, Portugal está a recuperar, e portanto esta
miscelânea tem de ser vista numa perspetiva de cooperação mais ativa entre os
Estados-membros da CPLP, tendo em conta que não estamos a maximizar a visão que
a CE-CPLP tem estado a explorar, que é complementar a falta de investimento e
migração de profissionais nos momentos mais difíceis da economia de cada
Estado-membro", disse Salimo Abdula.
Em entrevista à Lusa a propósito
da entrada em funções do novo secretário-executivo, o português Francisco
Ribeiro Telles, a 01 de janeiro, o empresário acrescentou que "estas
questões têm de ser vistas como prioridade", mas lamentou: "O que
está a acontecer é que nós, empresários, estamos a puxar, mas sentimos que os
Estados têm outras prioridades, que são as questões internas das suas políticas
e não estão a dar a atenção suficiente a esta ambição da CPLP".
Salimo Abdula, que foi eleito
para um novo mandato à frente da confederação, lamentou ainda que esta entidade
não tenha poderes executivos, ficando-se pela incumbência de aconselhar e
assessorar os Estados em matérias económicas e empresariais.
"A CE é apenas um órgão
consultivo, infelizmente, não temos poder executivo, cabe-nos a assessoria aos
governos, e estamos a apresentara visão de uma nova dinâmica, com vários pontos
importantes sobre as ferramentas, destacando a veia mais importante, e que
ganhou outra dinâmica e aceitação política por todos os Estados membros, que é
a mobilidade, com a livre circulação de pessoas numa primeira fase, e depois de
bens e capitais", vincou o empresário moçambicano.
A criação de uma entidade
financeira que possa evoluir para um banco de desenvolvimento é outra das
grandes apostas da CE-CPLP, argumentando que "é um grande desejo dos
empresários, para apoiar os melhores projetos infraestruturais no espaço da
CPLP".
A ideia, acrescentou, está a ser
discutida no seio dos Estados-membros, "e a tendência que ganha força é
que esta instituição envolvente, que sirva todos os Estados-membros, tenha
capitais mistos e faça avaliações conjuntas de projetos".
A Confederação Empresarial da
CPLP defende ainda como prioritária a criação de um tribunal arbitral e o
reconhecimento de algumas classes profissionais, exemplificando com a de médicos,
advogados e arquitetos.
Integram a CPLP Angola, Brasil,
Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e
Príncipe e Timor-Leste.
MBA // VM | Na foto: Salimo
Abdula
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