Pequim, 14 mai 2019 (Lusa) - A
China disse hoje que a sua capacidade e vontade de se defender não devem ser
subestimadas e ressaltou que, embora não deseje uma guerra comercial com os
Estados Unidos, "não está assustada" e "lutará até ao fim".
O porta-voz do ministério chinês
dos Negócios Estrangeiros Geng Shuang justificou o aumento das taxas
alfandegárias sobre o equivalente a 60 mil milhões de dólares de bens
importados dos Estados Unidos como retaliação, face às taxas impostas
anteriormente pelo Presidente norte-americano, Donald Trump.
"Ao contrário dos EUA, nós
mantemos a compostura, queremos continuar a trabalhar e encontrar uma solução,
que permita assinar um acordo mutuamente benéfico", afirmou.
"A nossa atitude é
construtiva, mas alguém subestimou a nossa capacidade em nos defendermos e está
a tentar confundir a opinião pública", acrescentou.
Geng criticou ainda a
"pressão máxima" exercida por Washington, que, na sexta-feira
passada, impôs taxas alfandegárias de 25% sobre o equivalente a 200 mil milhões
de dólares (178 mil milhões de euros) de bens importados da China.
"Aconselhamos os EUA a ouvir
a reação da comunidade internacional, a ouvir as vozes dos diferentes setores e
a calcular as perdas e lucros" causados pelas suas "ações
unilaterais", a fim de "voltar ao caminho certo", que é
"trabalhar" em conjunto e "encontrar um consenso" que
"facilite" um acordo.
O porta-voz, que na semana
passada optou por não comentar a decisão de Trump, refutou ainda as acusações
do Presidente norte-americano de que a China voltou atrás com compromissos
feitos anteriormente, durante as negociações.
"É normal existirem
diferenças e essa é a razão pela qual devemos continuar a conversar",
disse.
"Como se pode acusar alguém
de quebrar uma promessa se ainda não há um acordo assinado?", questionou.
"Se alguém fez isso são os
EUA. Depois de alcançar vários consensos, foi o lado americano que aumentou as
suas exigências", argumentou.
Segundo o porta-voz, a China
"honra sempre a sua palavra e mostrou boa vontade e boa fé".
"A China não quer uma guerra
comercial de forma alguma, mas não tem medo e, se alguém nos desafiar,
lutaremos até o fim", assegurou.
Questionado sobre se as tarifas
impostas por Trump afetarão a economia chinesa, Geng lembrou que o ambiente
empresarial chinês "melhorou continuamente nos últimos 40 anos".
Pequim está "disposto a
criar um ambiente de negócios mais estável, transparente, justo e previsível para
as empresas estrangeiras e contribuir para um regime de comércio justo e para o
crescimento global", disse.
Desde o verão passado, os
governos das duas maiores economias do mundo impuseram já taxas alfandegárias
sobre centenas de milhares de milhões de dólares das exportações de cada um.
Em dezembro passado, Washington e
Pequim acordaram um período de tréguas, entretanto prolongado em março.
No entanto, o Presidente
norte-americano, Donald Trump, anunciou no domingo passado que os EUA iam
aumentar as taxas alfandegárias, acusando os chineses de voltarem atrás com
compromissos feitos anteriormente.
No cerne das disputas está a
política de Pequim para o setor tecnológico, que visa transformar as firmas
estatais do país em importantes atores globais em setores de alto valor
agregado, como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros
elétricos.
Os EUA consideraram que aquele
plano, impulsionado pelo Estado chinês, viola os compromissos da China em abrir
o seu mercado, nomeadamente ao forçar empresas estrangeiras a transferirem
tecnologia e ao atribuir subsídios às empresas domésticas, enquanto as protege
da competição externa.
JPI // ANP
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