sábado, 20 de junho de 2015

China adverte que "nenhum país pode interferir" nas questões de Hong Kong


Pequim, 19 jun (Lusa) - O governo chinês advertiu hoje que "nenhum país pode interferir" nos assuntos de Hong Kong e acusou os partidos democráticos locais de "terem perdido a importante oportunidade de escolher o chefe-executivo" do território por sufrágio direto.

"Hong Kong é uma Região Administrativa Especial da China. Os assuntos de Hong Kong recaem sob a esfera interna China. Nenhum país pode interferir", disse um porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Hong Lei, ao ser questionado sobre a votação de quinta-feira no Conselho Legislativo de Hong Kong.

O Conselho Legislativo de Hong Kong rejeitou o plano de reforma politica defendido pelo governo central chinês para a eleição do chefe do governo do território em 2017, e que exigia o voto favorável de dois terços dos 70 legisladores.

Com muitos deputados ausentes da sala na altura da votação, a referida proposta obteve 28 votos contra e apenas oito a favor, num resultado descrito pela imprensa oficial chinesa como "um dia triste".

Trata-se de uma proposta "razoável e pragmática", que reflete "uma posição duradoura da China" acerca do "avanço da democracia" em Hong Kong, comentou o porta-voz do MNE chinês.

A China concordou com a eleição do chefe-executivo de Hong Kong por sufrágio direto, mas impôs que os "dois ou três" únicos candidatos fossem previamente aprovados por um Comité de Nomeação de 1.200 pessoas, o que para os partidos democráticos do território consideram "uma limitação à democracia".

Hong Kong foi integrado na Republica Popular da China em julho de 1997, segundo a fórmula "um país, dois sistemas", que permite a continuação por mais 50 anos do "modo de vida" do território, nomeadamente as liberdades de imprensa e de associação, desconhecidas no resto do país.

Até agora, o chefe do governo do território era escolhido por um comité eleitoral composto maioritariamente por personalidades consideradas "patriotas" e não hostis à política do Partido Comunista Chinês.

"O governo central da China continua comprometido com o princípio 'um país, dois sistemas' e tem plena confiança no futuro de Hong Kong", disse também o porta-voz do MNE.

A eleição do chefe-executivo de Hong Kong por sufrágio direto seria uma experiencia inédita na China.

No final da década de 1980, o PCC começou a promover a eleição direta dos comités de aldeia, mas os líderes das municípios e das províncias continuam a ser escolhidos entre os membros das respetivas assembleias populares.

De acordo com a fórmula "um país, dois sistemas", adotada também em Macau, em dezembro de 1999, Hong Kong goza de "um alto grau de autonomia" e é governada por pessoas do território.

Antiga colónia britânica, com cerca de 7 milhões de habitantes, Hong Kong é um centro financeiro internacional, com um Produto Interno Bruto per capita superior a 33.500 dólares - mais do que Portugal e o quase o triplo de Xangai, que é uma das mais prósperas cidades da China continental.

AC // JPS

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