Macau,
China, 30 jul (Lusa) -- Macau vai chegar aos 750 mil habitantes em 2025, com
uma taxa de crescimento médio anual inferior a 2%, estimou hoje o coordenador
do Gabinete de Estudo das Políticas, Lau Pun Lap.
O
número foi avançado na apresentação do relatório do Estudo sobre a Política
Demográfica e representa um aumento de 17%, mais 109.300 pessoas, em relação à
atual população calculada em 640.700 no final de março.
Segundo
Lau Pun Lap, nos próximos dez anos, a população de Macau -- território com a
mais alta densidade populacional do mundo --, vai aumentar a um ritmo muito
mais brando do que o registado nos últimos 33 anos, na ordem dos 161,2%.
Assim,
até 2020 a população deverá crescer a uma taxa média anual de 1,9%, baixando
para 1,1% nos cinco anos seguintes.
"Em
1981, a população de Macau era composta por 248 mil pessoas e no final de 2014
atingiu as 636 mil. Em 33 anos cresceu 1,6 vezes", disse, observando o
rápido desenvolvimento económico registado nas últimas décadas e respetiva
necessidade de mão-de-obra importada, cujo reflexo se fez sentir no aumento do
número de pessoas a viver no território.
Dados
divulgados esta semana indicam que Macau superou, em junho, a barreira dos 180
mil trabalhadores não residentes, a maior parte proveniente do interior da
China e absorvida por setores relacionados com os casinos -- seja na construção
dos mesmos ou na operação dos hotéis e restaurantes --, e representando 44,5%
da população ativa.
Lau
Pun Lap observou que após a atual fase de expansão do jogo no território --
quase todas as operadoras têm casinos em construção até 2017 -- poderá haver
ajustes na necessidade de importação de mão-de-obra.
Na
sua perspetiva, o alargamento do horário das fronteiras, nalguns casos
estendido até 24 horas, desde outubro do ano passado, "criou melhores
condições" para estes trabalhadores viverem no interior da China,
permitindo aliviar a pressão em Macau, "incluindo nas rendas das habitações
pagas pela classe média".
"Segundo
dados estatísticos, 60% desses trabalhadores vivem em Macau, mas antes do
funcionamento da fronteira 24 horas viviam 80%. A tendência vai ser reduzir os
que vivem na região para 50% ou talvez 40%", afirmou.
Outro
incentivo para aligeirar o crescimento populacional, segundo Lau Pun Lap, é a
responsabilidade assumida por algumas operadoras de jogo de garantirem o
transporte dos seus trabalhadores não residentes entre Macau e a fronteira com
a China.
"Temos
de ter uma ideia mais inter-regional e não só dentro das fronteiras",
frisou.
O
mesmo responsável admitiu que o território vai continuar a necessitar de
importar mão-de-obra para fazer face às necessidades, seja na indústria do jogo
ou noutra emergente, com base na defendida diversificação económica.
"Macau
vai ainda depender muito dos trabalhadores não residentes porque não há
suficiente população ativa local. Talvez precise de uns 200 mil, mas é difícil
dizer se esse número é certo no futuro", apontou.
Não
obstante, salientou a necessidade de otimizar o atual mecanismo de saída de
trabalhadores não residentes, tal como consta no relatório, onde é sugerido
aperfeiçoar o respetivo diploma legal.
"Os
trabalhadores não residentes são o último recurso, mas sempre com uma gestão
reforçada", disse.
Em
paralelo, colocou a tónica na "maximização das potencialidades da
mão-de-obra local", através da educação, e do regresso de residentes
qualificados atualmente a residir no estrangeiro, tendo sugerido a adoção de
medidas para permitir às mulheres conciliarem a carreia e filhos e aos seniores
com mais de 55 anos poderem continuar a trabalhar.
Segundo
o estudo, em 2025, a população de Macau terá uma esperança média de vida de
84,6 anos e 16,3% dos habitantes terá mais de 65 anos. Já a taxa de fecundidade
está estimada em 1,87 crianças por mulher.
O
coordenador disse ainda ser "possível" que o território consiga
absorver os 750 mil residentes em 2025, se entretanto forem otimizadas áreas
como a habitação e trânsito.
Macau
tem previsto cinco novos aterros, ainda sem data de conclusão, os quais vão
acrescentar 3,5 quilómetros quadrados aos atuais 31,3 quilómetros quadrados.
FV
(DM/ISG) // EL
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