Lisboa,
06 dez (Lusa) -- O ativista da causa timorense nos Estados Unidos João
Crisóstomo está a angariar fundos para construir escolas nas áreas montanhosas
mais remotas de Timor-Leste, a primeira das quais será inaugurada em janeiro ou
fevereiro do próximo ano.
Quinze
anos após a independência, o emigrante português que nunca deixou cair a causa
da autodeterminação de Timor-Leste junto das comunidades portuguesas nos
Estados Unidos, visitou pela primeira vez este ano, em maio, o país e
apercebeu-se de que nas montanhas, nas áreas mais remotas do território
timorense, não havia escolas para as crianças.
Por
isso, decidiu dar novo fôlego ao projeto de construção - começado por Rui
Chamusco, outro português, agora seu parceiro nesta iniciativa - de uma escola
num desses locais, Manati-Boibau, leste do país, onde só três das crianças
residentes haviam conseguido vaga na escola mais próxima, a três horas de
distância da povoação.
"E
o problema é geral, há muitas crianças sem acesso ao ensino, pelo que pensei:
primeiro, vamos construir esta e depois temos de fazer o mesmo nas montanhas
onde for preciso", disse hoje à Lusa.
Para
alimentar o projeto, reuniu-se com o primeiro-ministro timorense e pediu também
o apoio do Vaticano, onde foi recebido em agosto pelo secretário de Estado,
cardeal Pietro Parolin que, em novembro, lhe escreveu uma carta elogiando a
iniciativa, dizendo-lhe que estaria nas preces do papa Francisco e deixando-lhe
uma sugestão.
"Sugiro-lhe
que estabeleça contacto com os bispos em cujas dioceses as escolas serão
construídas, para que o vosso projeto possa ser coordenado com o que já está a
ser feito e, assim, possa melhor corresponder às necessidades das comunidades
mais pobres e esquecidas", escreveu o cardeal, agradecendo-lhe "a
preocupação e o empenho".
Quanto
à angariação dos fundos necessários para fazer avançar o projeto, João
Crisóstomo precisou que abriu nos Estados Unidos uma conta para a qual as
pessoas poderão fazer donativos, e que, em Portugal, Rui Chamusco fez o mesmo,
sublinhando que as despesas de manutenção ficam a cargo de ambos.
"Se
alguém der 100 dólares, esses 100 dólares são enviados na totalidade para
Timor-Leste, para a construção de uma escola, nada é descontado", frisou.
"Nos
Estados Unidos, a Family Carvalho Foundation, uma organização filantrópica sem
fins lucrativos à qual pedi auxílio para este projeto, abriu uma conta com esta
finalidade exclusiva no Chase, em Mineola, New York", precisou,
acrescentando que "em Portugal, os donativos devem ser feitos para a conta
da Associação Astil, aberta na Caixa Geral de Depósitos".
Não
existe um número definitivo de escolas cuja construção esteja prevista, disse à
Lusa, referindo que o projeto está agora a arrancar.
"Vai
ser uma de cada vez. O ideal seriam muitas, mas depende do apoio que eu
conseguir agora... Sonhos, todos temos muitos, vamos ver quantos conseguimos
concretizar", comentou.
ANC
// EL
Na
foto: João Crisóstomo | Imagem em Blogue fora nada e vão três
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