Santa Maria, Cabo Verde, 16 jul
(Lusa) - Os empresários lusófonos defendem a aposta no pilar económico da
Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) para que, dentro de 20 anos,
estes Estados sejam "líderes globais da economia", disse hoje em Cabo
Verde o presidente da Confederação Empresarial.
"Queremos posicionar-nos
para sermos daqui a duas décadas, com os recursos que nós temos, líderes
globais da economia. E temos condições para isso, falta é coragem política. Os
empresários já têm esta visão e bem amadurecida", afirmou hoje o
presidente da CE-CPLP, Salimo Abdula, após um encontro com o Presidente
cabo-verdiano, Jorge Carlos Fonseca, à margem do Conselho de Ministros da CPLP,
que decorre hoje em Santa Maria, ilha cabo-verdiana do Sal.
Os empresários esperam
"agora que haja essa coragem política e que os políticos abram as
autoestradas, que os empresários farão o resto".
A CE-CPLP propõe que seja
facilitada desde já a mobilidade de cidadãos entre os países africanos de
língua portuguesa (PALOP), "pelo menos, enquanto não se resolve a questão
de Portugal face à União Europeia", devido ao acordo de Schengen, relativo
à livre circulação de pessoas, bens, serviços e capitais.
A Confederação espera que da XII
conferência de chefes de Estado e de Governo da CPLP, que se realiza entre
terça e quarta-feira em Santa Maria, se registem avanços na questão da
mobilidade.
"Queremos uma abertura
completa de todos os passaportes da CPLP, que haja uma livre circulação, pelo
menos para 90 dias, em que o cidadão lusófono possa circular livremente",
defendeu Salimo Abdula.
Portugal e Cabo Verde
apresentaram no ano passado uma proposta que prevê total liberdade de
residência (para trabalhar ou estudar) dos cidadãos lusófonos em qualquer país
da comunidade.
Questionado se o facto de os
diferentes países integrarem organizações regionais - como a União Europeia, a
Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC, na sigla em inglês),
a Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO) ou o Mercosul -
pode ser um impedimento para a livre circulação, o presidente da CE-CPLP
considerou que é antes "uma vantagem".
"Usamos isso como um
complemento de criarmos e participarmos num espaço muito maior do que aquele
que detemos apenas como CPLP", sustentou.
Os empresários realçam que os
países lusófonos têm em comum a língua portuguesa - que, estimam, representa
17% das economias -, algo que facilita a realização de negócios entre si.
Outras medidas que a CE-CPLP
preconiza incluem legislação que elimine a dupla tributação ou a constituição
de um banco de desenvolvimento ou de uma instituição financeira que possa
apoiar o desenvolvimento dos recursos.
"Tudo isso só será possível
se houver uma visão comum da CPLP para se afirmar no espaço global",
insistiu Salimo Abdula.
Durante a XII conferência de
chefes de Estado e de Governo da CPLP, com o lema "Cultura, Pessoas e
Oceanos", Cabo Verde vai assumir o exercício da presidência desta
organização, durante o período de dois anos.
Angola, Brasil, Cabo Verde,
Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e
Timor-Leste são os Estados-membros da CPLP.
JH/RYPE // EL
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