sábado, 13 de outubro de 2018

Moçambique | Eleições | Do voto da indignação, à paz e melhoria económica


O voto de indignação

@Verdade | Editorial

Na última quarta-feira, 10 de Outubro, os moçambicanos em 53 autárquicas do país não foram apenas às urnas votar no seu partido de eleição ou num projecto político. Pelo contrário, foi uma oportunidade para os eleitores demonstrarem o seu sentimento de indignação. Ou seja, os eleitores foram às urnas depositar um voto de indignação contra o Governo de turno para uma mudança que a população almeja há 20 anos, desde as primeiras eleições multipartidárias.

Os resultados do escrutínio da última quarta-feira, até agora divulgados, são sintomáticos do quão os moçambicanos estão farto das mentiras e de promessas de um futuro melhor por parte de indivíduos que não estão preocupados com o bem-estar do povo. A posição dos eleitores moçambicanos encontra justificação na necessidade de inverter a situação de eterna desgraça a que foi votada ou na regressão social e económica imposta nos últimos anos pelo Governo da Frelimo.

Por exemplo, os resultados de Nacala-Porto, Chiúre, Alto Molocué e da Matola mostram uma forte vontade de mudança existente nos moçambicanos, de Rovuma a Maputo e do Zumbo ao Índico. Já começa a nascer dentro de cada moçambicano a esperança de que é possível mudar o destino das suas autarquias não apostando num partido que só tem estado a trazer sofrimento para o povo. Aliás, faz tempo que os moçambicanos têm estado a demonstrar a sua indignação. Mas, nestas eleições autárquicas, o sentimento ficou evidente. Os eleitores não se fizeram de rogados, foram as assembleias de voto e não saíram de lá sem deixar a sua indignação de forma expressiva.

Os munícipes querem mais igualdade de oportunidades de emprego. Os munícipes querem ver as ruas das suas autarquias limpas e acesso para outros bairros. Os munícipes querem um governo municipal preocupado em melhorar as condições de vida na autarquia de modo a garantir o bem-estar dos seus munícipes, independentemente da paixão partidária.

Portanto, as eleições do dia 10 de Outubro mostraram, por um lado, que há muitos moçambicanos que foram iludidos com políticas de promessas infundadas, e, por outro, os resultados expressam que já começa a emergir a ruptura com a política de libertadores da pátria. (@Verdade)

Aumento da confiança na paz em Moçambique faz país crescer 3,5% e 3,7% em 2018 e 2019

O departamento de pesquisa económica do banco Standard prevê um crescimento de 3,5% para Moçambique este ano e 3,7% em 2019, principalmente devido ao aumento da confiança nos progressos no processo de paz.

No mais recente relatório sobre as economias da África subsaariana, enviado aos investidores e a que a Lusa teve acesso, os analistas escrevem que "a previsão de crescimento do PIB para 2018 e 2019 é de 3,5% e 3,7%, devido ao abrandamento da política monetária mais prudente que o antecipado".

No documento, explicam que "a maior parte da aceleração esperada no PIB é atribuível ao aumento da confiança associada com os progressos no processo de paz".

Para este ano, os analistas do Standard Bank, um dos maiores a operar em África, esperam um défice orçamental de 4,3% e para o próximo ano antecipam um desequilíbrio orçamental de 3,2%.

No ano passado, Moçambique terá um excedente orçamental, "pelo menos no papel, de 0,1% do PIB, depois de um défice de 3,4% em 2016", escrevem os analistas, desvalorizando este resultado porque "reflete o impacto positivo do imposto de 353 milhões de dólares pagos pela ENI/Exxon-Mobil".

No Plano Económico e Social, o Governo estima um crescimento de 4,7% este ano, uma revisão em baixa face aos 5,3% anteriormente previstos, mas ainda assim acima das previsões do FMI, que antecipa uma expansão económica de 3,5% este ano e de 4% em 2019.

Os progressos no processo de paz, dizem, "têm sido encorajadores, o que ajuda a construir a ideia de que a estabilidade política vai prevalecer".

MBA // VM // Lusa

Sem comentários: