Portugal 2019. Nesta parte do mundo ocidental,
em que 2019 acabou de chegar fala-se de “Direitos Humanos” na TSF, uma rádio
que, apesar de toda a manipulação e falta de seriedade e profissionalismo
jornalístico, ainda é das que se “salvam” em alguns aspetos das edições
quotidianas. Uma rádio de Portugal cada mês mais permeável e volátil às tendências
que abundam por este mundo chamado de neoliberal – uma antecâmera do
nazi-fascismo. E o que é que Timor-Leste tem que ver com isto? Perguntarão.
Tem tudo. Porque neste país só
persistem tendências flagrantes de miséria, de exploração, de ataques à
natureza, etc. por ditame dos interesses neoliberalistas que cada vez mais
invadem o país e os seus órgãos alegadamente democráticos. Não sendo por acaso
que grassa a corrupção, como em Portugal, como por quase todo o mundo. Grassa
quase impunemente, para gáudio de alegados grandes lideres, líderes históricos,
etc. Nos governos, nos parlamentos, nas empresas e acordos semi-estatais é o
que mais se sabe que eles existem. E existem disso provas que faça atuar a
justiça? Que justiça? Justiça pronta a condenar exemplarmente com anos de
cadeia gentes simples e pobres do povo por… roubo, mas que deixa impunes ou com
punições “leves” governantes e funcionários públicos político-partidários que
fazem parte de algo semelhante a máfias partidarizadas e que afinal colaboram
com o neoliberalismo apesar de alguns não terem disso a devida consciência?
Timor-Leste é um país jovem.
Brilhante, pela sua luta de libertação do colonialismo e da selvática e
desumana invasão indonésia, mas o neoliberalismo está a corroê-lo. Está a
corroer a liberdade que com tantos mártires e heróis foi obtida ao longo de uma
luta persistente e que todo o mundo teve de reconhecer.
A situação no país a nível social
demonstra a preponderância de milhões de dólares canalizados para o alegado “desenvolvimento”
que vai dar em nada ou em quase nada de compensatório e nos cortes no setor da
saúde, da assistência devida às populações, nas infraestruturas básicas.
“Paz, pão, saúde, habitação”,
devia ser uma das maiores conquistas de Timor-Leste. Mas não é. Não é por todo
o país, nem ao menos é exatamente na capital, Díli. No interior, nas montanhas,
nem se fala. A democracia tarda a chegar por ali. Porque não existe democracia
enquanto não houver essa tal “Paz, pão, saúde e habitação”, assim como um
emprego. Sérgio Godinho tornou muito simples essa aula em que todos que
escutarem compreenderão. E em também “Arranjem-me um emprego”. São aulas, são algo
simples, como simples tudo seria nestas sociedades intencionalmente complicadas, porque é uma das
mil formas de extorquir os “simples" que são os povos. E Timor-Leste
vai nesse caminho, infelizmente. Quando podia, teve essa oportunidade, avançar
em caminho diferente. Sem desigualdades tão vincadas e tão desumanas, por
exemplo.
O que desejar para 2019, para os
povos massacrados que abundam por todo o mundo e que são milhares de milhões?
Justiça, efetiva igualdade de oportunidades, “paz, pão, saúde, habitação"… e
empregos com salários justos, que esbatam definitivamente as desigualdades, a
pobreza, a exclusão, o esclavagismo através de técnicas desenvolvidas em
universidades alegadamente (falsamente) progressistas, que na prática nada têm
de honesto com as diretivas alinhadas na declaração dos tão propalados “Direitos
Humanos”. Que, sabemos, vimos, lê-mos e ouvimos, não são cumpridos em nenhum país ou parte do mundo. Nem em Timor-Leste.
Segue-se a entrevista na TSF de
Edil Eser, talvez mais uma das mulheres, dos seres humanos, que se cansou de “fazer
chover no molhado”. É que a desilusão, o desacreditar, é como um vírus. E ataca
principalmente os que são mais fortes na luta mas que têm capacidade e inteligência
bastante para perceber quando as lutas são, infelizmente, inglórias. O que não
significa que não se reformulem e ganhem forças, razões, justezas e vontades
para lutarem pelo que realmente é o cumprimento dos “Direitos Humanos” que
devem ser ponto de honra de todos os países. Dos responsáveis eleitos e
dirigentes de todos os países.
Se, como diz a ativista abaixo
entrevistada pela TSF, os Direitos Humanos vão piorar… Adeus mundo, cada vez
pior. Pobre 2019, para os pobres e aqueles que vão empobrecer aos milhões para
que mais uns escassos milhares enriqueçam através daquilo que não lhes
pertence. Que, queiram ou não queiram aceitar, só pode ser definido por roubo à
maioria da humanidade.
Assim sendo, pelos vistos, continuará a ser a realidade. O ano de 2019 vai ser pior que o ano anterior. Sistematicamente tal tem acontecido por quase todo o mundo, contra quase todos os povos do
mundo. 2019, mais um ano de ganância, de expoliação dos povos do mundo. Mais
pobreza. Mais miséria. Mais guerras. Porque essas dão lucros imensuráveis às
grandes potências mundiais. Ás elites negociantes de armamentos. Aos governos e governantes que corruptamente sustentam enormes mortandades globais. Crimes contra a humanidade.
E o que é que tudo isto tem que
ver com Timor-Leste ou com Portugal, com outros países e povos da lusofonia e do
mundo? Tudo. E tem tudo que ver com todo o mundo, com todos os povos (uns mais, outros
menos). Povos que, maioritariamente, são os grandes sacrificados, explorados, oprimidos, assassinados, independentemente dos sistemas políticos reconhecidos aqui e além. Uns quantos
apoderam-se de riquezas porque roubam. Esses, na maioria dos exemplos, são
denominados das elites porque são aqueles que dispõem de todas as
oportunidades e impunidades. (MM | TA)
"A situação dos direitos
humanos vai piorar"
31 de Dezembro de 2018
A perspetiva não é animadora, na
opinião da ativista Idil Eser. Ex-diretora da Amnistia Internacional na Turquia
elege crescimento dos populismos como uma realidade a que as ONG devem ter em
conta em 2019.
Primeiro, uma constatação: a
situação dos direitos humanos no mundo está pior. Em seguida, uma previsão: "vai
continuar a piorar". A opinião é de Idil Eser, ativista turca, ex-diretora
da Amnistia Internacional em Istambul que saltou para as primeiras páginas dos jornais de todo o mundo quando
foi presa, acusada de terrorismo, ainda que "o crime seja a defesa
dos direitos humanos".
Olhando para 2018 e com o
crescimento dos populismos por todo o mundo, esta ativista sublinha que as
organizações internacionais, incluindo as que defendem os direitos humanos, não
estavam preparadas para esta situação. Por isso mesmo, Idil Eser aconselha as
ONG a "encontrar formas mais eficazes de lidar com o crescimento do
populismo, persuadir as pessoas da importância dos direitos humanos". "Devemos
construir comunidades de pessoas que acreditem na importância dos direitos
humanos e que tenham interiorizado esses direitos. Dizê-lo em palavras mas sem
os atos não é suficiente. Temos de desenvolver melhores métodos de comunicação
e de persuasão. Também temos de ser capazes de falar com pessoas de outras
vizinhanças, pessoas que não pensam como nós", explica Idil Eser à TSF.
Eles não sabem o que fazem. Ou
será que sabem?
Mencionando várias vezes ao longo
da conversa o crescimento dos populismos em todo o mundo e com exemplos que vão
desde a Hungria ao Brasil passando por muitas outras latitudes, Idil Eser não
culpa as pessoas que votam em líderes populistas porque elas "têm
preocupações legítimas e que, basicamente, estão relacionadas com o medo e a
insegurança acerca do futuro". "São pessoas que têm uma
compreensão muito estática da cultura, querem voltar a um dia no tempo onde
pensam que tudo era perfeito, o que nunca foi o caso. Talvez possamos
juntar-nos como pessoas do mundo e construir uma melhor compreensão do futuro.
Precisamos de um novo contrato social, o Estado-nação não está a sair-se bem
nesta fase, é preciso uma certa mudança de mentalidade", sublinha a
ativista.
"Não devemos ver estas
pessoas que votam em populistas como ignorantes ou loucos, elas não estão
apenas conscientes das consequências de algumas das suas ações e foram cegadas
pelo medo. Temos de fazer o nosso melhor para chegar até elas", conclui.
Em termos de acontecimentos, Idil
Eser tem na ponta da língua os destaques de 2018 e que resvalam para 2019.
"As decisões fortes de Trump vão ter repercussões importantes no
futuro", começa por dizer a ativista centrando, logo em seguida, o
discurso na Europa. "A inabilidade da Europa para desenvolver uma política
de refugiados e que é importante no longo prazo. A Europa já devia ter uma
política de refugiados e de imigração há anos", diz. Por fim, o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi : "foi
decisivo e mostrou a inabilidade dos governos em lidar com o caso. Foi uma
violação direta de um grande número de leis internacionais".
No entanto, apesar de constatar
que as coisas vão piorar, no fim as coisas vão melhorar. "Toda a
gente precisa de se reorganizar. Não vai ser fácil, mas acho que é possível,
podemos inverter a maré. Penso que pode ser feito, não quer dizer que seja
fácil. Nada daquilo que é importante na história humana foi fácil",
conclui.
Filipe Santa-Bárbara | TSF | Foto: Maria
João Gala / Global Imagens
Nota: TSF, a rádio que mudou a rádio
e o jornalismo em
Portugal. Atualmente já não é tanto assim, está a ficar uma rádio
e um jornalismo banal, viciado, mas, mesmo assim, ainda é o “melhorzinho” no país
que era da Revolução de Abril, da Liberdade e da democracia. Nem por isso devemos aceitar. Muito menos conformarmo-nos. Queremos a liberdade de imprensa defacto e não fictícia, seletiva por autocensores da profissão que é dita da Comunicação Social. De quê? As provas do contrário mostram porque existem as dúvidas e os descréditos que deviam ser os profissionais da arte e do mister a desfazer. Aproveitem 2019. Credibilidade efetiva, real, demonstrada, é o que se espera em regresso. Democracia. Pois.
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