Paris, 07 mai 2019 (Lusa) - A
diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, alertou
hoje para a renovada tensão comercial entre os Estados Unidos e a China, que
"claramente constitui uma ameaça à economia mundial".
"Esperamos que não
aconteça", afirmou Lagarde aos jornalistas, durante uma conferência, em
Paris.
A diretora do FMI considerou que
os mais recentes 'tweets' e comentários "não são muito favoráveis", e
admitiu ter sido apanhada de surpresa.
"Tínhamos a impressão de que
esta ameaça se estava a diluir, que as relações estavam a melhorar e estávamos
próximos de um acordo", afirmou Lagarde.
Para a responsável, é
"imperativo" que as tensões "sejam resolvidas de maneira
satisfatória para todos".
Devemos proceder à "redução
ou eliminação destas tensões" e adotar "um marco legal e
regulatório", pelo qual as empresas conheçam as regras tarifárias e não
tarifárias com as quais desenvolverão a sua atividade.
O ministro francês das Finanças,
Bruno Le Maire, anfitrião da conferência, afirmou também que "o risco de
guerra comercial" é "a principal preocupação" de França e da
União Europeia, num momento de desaceleração da economia global.
O máximo representante dos
Estados Unidos nas negociações por um acordo comercial com Pequim confirmou
hoje um aumento das taxas alfandegárias, a partir de sexta-feira, sobre bens
importados da China.
Robert Lighthizer detalhou que o
aumento, de 10% para 25%, das taxas alfandegárias incide sobre o equivalente a
200 mil milhões de dólares (178,4 mil milhões de euros) de bens importados do
país asiático.
Em conferência de imprensa,
Lighthizer acusou Pequim de "retroceder em compromissos anteriores",
após dez rondas de negociações.
Os governos das duas maiores
economias do mundo impuseram já taxas alfandegárias sobre centenas de milhares
de milhões de dólares das exportações de cada um.
Em causa está a política de
Pequim para o setor tecnológico, que visa transformar as empresas estatais do
país em importantes atores globais em setores de alto valor agregado, como
inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros elétricos.
Os EUA consideram que aquele
plano, impulsionado pelo Estado chinês, viola os compromissos da China em abrir
o seu mercado, nomeadamente ao forçar empresas estrangeiras a transferirem
tecnologia e ao atribuir subsídios às empresas domésticas, enquanto as protege
da concorrência externa.
As negociações decorrem desde
que, em dezembro passado, Washington e Pequim acordaram um período de tréguas,
que foi entretanto prolongado, visando chegar a um acordo.
No entanto, o Presidente
norte-americano, Donald Trump, afirmou, no domingo, que os EUA vão aumentar as
taxas alfandegárias.
"Durante 10 meses a China
pagou taxas alfandegárias aos Estados Unidos de 25% sobre 50 mil milhões de
dólares [44,6 mil milhões de euros] de [bens] tecnológicos, e 10% sobre 200 mil
milhões de dólares de outros bens", escreveu Trump no Twitter.
"Os 10% vão ser aumentados
para 25% na sexta-feira", acrescentou.
JPI // JNM
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