Hong Kong, China, 11 ago 2020
(Lusa) -- O magnata da imprensa e uma das principais figuras do movimento
pró-democracia de Hong Kong Jimmy Lai foi hoje libertado sob caução, constatou
a agência France-Presse.
Jimmy Lai tinha sido detido na
segunda-feira, ao abrigo da nova lei de segurança nacional, imposta pela China
a Hong Kong.
A saída de Jimmy Lai de uma
esquadra da polícia de Hong Kong foi acompanhada por um ruidoso grupo de
apoiantes, que o vitoriaram.
Jimmy Lai, de 72 anos, é o
proprietário de duas publicações pró-democracia e frequentemente críticas de
Pequim, o diário Apple Daily e o Next Magazine.
Visto por numerosos habitantes de
Hong Kong como um herói e único magnata do território crítico de Pequim, Jimmy
Lai é descrito nos meios de comunicação oficiais chineses como "um
traidor", que inspirou as manifestações pró-democracia realizadas na
região chinesa, e o líder de um grupo de personalidades acusadas de conspirar
com nações estrangeiras para prejudicar a China.
Em meados de junho, duas semanas
antes de ser aprovada a nova lei de segurança nacional, Jimmy Lai disse à AFP
esperar a detenção.
"Estou pronto para ir para a
prisão. Se isso acontecer, terei oportunidade de ler livros que ainda não li. A
única coisa que posso fazer é ser positivo", afirmou.
Para o empresário, a nova lei
"vai substituir" o regime legal de Hong Kong e "destruir o
estatuto financeiro internacional" da cidade.
A lei da segurança nacional
criminaliza atos secessionistas, subversivos e terroristas, bem como o conluio
com forças estrangeiras para intervir nos assuntos da cidade.
O documento entrou em vigor em 30
de junho, após repetidas advertências do Governo de Pequim contra a dissidência
em Hong Kong ,
abalado em 2019 por sete meses de manifestações em defesa de reformas democráticas
e quase sempre marcadas por confrontos com a polícia, que levaram à detenção de
mais de nove mil pessoas.
Hong Kong regressou à soberania
da China em 1997, com um acordo que garante ao território 50 anos de autonomia
a nível executivo, legislativo e judicial, bem como liberdades desconhecidas no
resto do país, ao abrigo do princípio "um país, dois sistemas",
também aplicado em Macau, sob administração chinesa desde 1999.
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