segunda-feira, 13 de junho de 2016

Taiwan rejeita pedido de antigo Presidente para visitar Hong Kong


Hong Kong, China, 14 jun (Lusa) -- As autoridades de Taiwan rejeitaram um pedido do antigo Presidente Ma Ying-jeou para visitar Hong Kong com o objetivo de participar num jantar de entrega de prémios da Sociedade de Editores na Ásia.

Segundo o jornal South China Morning Post, o gabinete presidencial da ilha apresentou vários motivos para esta rejeição, incluindo o facto de Ma ter deixado o cargo muito recentemente, de o pedido não ter sido feito com a antecedência necessária, a "sensibilidade" de Hong Kong e a falta de cooperação em matérias de segurança com o território.

O gabinete presidencial sugeriu que Ma participasse através de videoconferência.

O ex-presidente desejava participar num jantar na quarta-feira, onde deveria discursar sobre as relações entre os dois lados do Estreito de Taiwan e na Ásia Oriental.

No entanto, no domingo, o porta-voz presidencial, Alex Huang, disse não ser apropriado que Ma visite Hong Kong nesta altura.

"Como Ma apresentou o seu pedido apenas 13 dias após ter deixado o cargo, com tão pouca antecedência, é improvável que o novo Governo consiga saber a que tipo de informação classificada ele acedeu ou se devolveu todos os documentos e completou os procedimentos" necessários, disse Huang.

Segundo o porta-voz, não há precedente de colaboração entre os gabinetes de segurança de Hong Kong e Taiwan, o que significa que é "difícil controlar os riscos".

De acordo com a lei de proteção de informação classificada de segurança nacional, antigos dirigentes do Governo com acesso a informação classificada ficam sujeitos a restrições nas viagens durante os três anos após a sua saída.

Ma deixou o cargo a 20 de maio após o Kuomintang perder as eleições presidenciais para Tsai Ing-wen, do Partido Progressista Democrático.

Ma é o primeiro ex-presidente a pedir autorização para sair de Taiwan desde que a lei foi introduzida, em 2003. Se o pedido fosse autorizado, seria o primeiro ex-líder de Taiwan a visitar Hong Kong desde 1949.

O gabinete de Ma reagiu com insatisfação, indicando que a decisão revela "não só desrespeito pelo antigo líder, mas prejudica também a imagem democrática de Taiwan perante o mundo".

Por outro lado, a decisão foi aplaudida pelo campo pró-independência e pelos deputados do Partido Progressista Democrático, que disseram que Ma planeava promover o "consenso de 1992" e o princípio de "uma China".

O "consenso" diz respeito a uma reunião em Hong Kong, em 1992, onde Pequim e Taipé acordaram que há apenas "uma China", mas em que cada lado tem a sua interpretação do que "China" significa.

No seu discurso de tomada de posse, Tsai não reconheceu o "consenso de 1992", levando Pequim a questionar o seu compromisso em manter o 'status quo' entre os dois lados do Estreito.

O Partido Nacionalista, de oposição em Taiwan e mais próximo de Pequim, criticou a decisão, que apelidou de "supressiva", dizendo que nada fazia para apoiar a "reconciliação interna de Taiwan e a harmonia social".

ISG // MP

Sem comentários: