Hong
Kong, China, 14 jun (Lusa) -- As autoridades de Taiwan rejeitaram um pedido do
antigo Presidente Ma Ying-jeou para visitar Hong Kong com o objetivo de
participar num jantar de entrega de prémios da Sociedade de Editores na Ásia.
Segundo
o jornal South China Morning Post, o gabinete presidencial da ilha apresentou
vários motivos para esta rejeição, incluindo o facto de Ma ter deixado o cargo
muito recentemente, de o pedido não ter sido feito com a antecedência
necessária, a "sensibilidade" de Hong Kong e a falta de cooperação em
matérias de segurança com o território.
O
gabinete presidencial sugeriu que Ma participasse através de videoconferência.
O
ex-presidente desejava participar num jantar na quarta-feira, onde deveria
discursar sobre as relações entre os dois lados do Estreito de Taiwan e na Ásia
Oriental.
No
entanto, no domingo, o porta-voz presidencial, Alex Huang, disse não ser
apropriado que Ma visite Hong Kong nesta altura.
"Como
Ma apresentou o seu pedido apenas 13 dias após ter deixado o cargo, com tão
pouca antecedência, é improvável que o novo Governo consiga saber a que tipo de
informação classificada ele acedeu ou se devolveu todos os documentos e
completou os procedimentos" necessários, disse Huang.
Segundo
o porta-voz, não há precedente de colaboração entre os gabinetes de segurança
de Hong Kong e Taiwan, o que significa que é "difícil controlar os
riscos".
De
acordo com a lei de proteção de informação classificada de segurança nacional,
antigos dirigentes do Governo com acesso a informação classificada ficam
sujeitos a restrições nas viagens durante os três anos após a sua saída.
Ma
deixou o cargo a 20 de maio após o Kuomintang perder as eleições presidenciais
para Tsai Ing-wen, do Partido Progressista Democrático.
Ma
é o primeiro ex-presidente a pedir autorização para sair de Taiwan desde que a
lei foi introduzida, em 2003. Se o pedido fosse autorizado, seria o primeiro
ex-líder de Taiwan a visitar Hong Kong desde 1949.
O
gabinete de Ma reagiu com insatisfação, indicando que a decisão revela
"não só desrespeito pelo antigo líder, mas prejudica também a imagem
democrática de Taiwan perante o mundo".
Por
outro lado, a decisão foi aplaudida pelo campo pró-independência e pelos
deputados do Partido Progressista Democrático, que disseram que Ma planeava
promover o "consenso de 1992" e o princípio de "uma China".
O
"consenso" diz respeito a uma reunião em Hong Kong, em 1992, onde
Pequim e Taipé acordaram que há apenas "uma China", mas em que cada
lado tem a sua interpretação do que "China" significa.
No
seu discurso de tomada de posse, Tsai não reconheceu o "consenso de
1992", levando Pequim a questionar o seu compromisso em manter o 'status
quo' entre os dois lados do Estreito.
O
Partido Nacionalista, de oposição em Taiwan e mais próximo de Pequim, criticou
a decisão, que apelidou de "supressiva", dizendo que nada fazia para
apoiar a "reconciliação interna de Taiwan e a harmonia social".
ISG
// MP
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