Macau,
China, 29 dez (Lusa) -- A Associação de Imprensa em Português e Inglês de Macau
(AIPIM) defende a emissão de carteiras profissionais portuguesas para
jornalistas no território e vai levar o tema ao Congresso dos Jornalistas que
se realiza em janeiro em Lisboa.
O
objetivo da moção que será apresentada ao congresso, disse à agência Lusa o
vice-presidente da direção da AIPIM, Gilberto Lopes, é "encontrar uma via
de diálogo que possa permitir que a Comissão da Carteira Profissional de
Jornalistas (CCPJ) venha a admitir a possibilidade de voltar a emitir carteiras
[para Macau]".
Além
de os portugueses que iniciam a profissão de jornalista em Macau não terem
acesso à carteira profissional através dos órgãos de comunicação locais,
Gilberto Lopes deu ainda o exemplo dos jornalistas que exerciam a profissão em
Portugal e vão trabalhar na região chinesa, que podem ter o problema na
renovação do seu título profissional.
O
vice-presidente da AIPIM reconhece que "os argumentos apresentados pela
CCP são válidos, isto é, a Comissão (CCPJ) não emite carteiras para fora do
território português", mas diz que "vai apelar ao facto de Macau ter
uma realidade específica".
"Se
eu exercer a profissão na Rádio Alfa em Paris posso provavelmente ter a
carteira do sindicato profissional francês. Em Macau, não havendo nenhuma
instituição [que emita um título], eu não consigo ter nenhuma carteira
profissional", sublinhou Gilberto Lopes.
O
também chefe do canal em língua portuguesa da Rádio Macau chamou a atenção para
o "vazio" na Lei de Imprensa em Macau, em vigor desde os anos 1990.
"Penso
que uma carteira profissional em Macau era fundamental, primeiro porque era
necessário acreditar os profissionais", disse.
Gilberto
Lopes alertou para a inexistência de um código deontológico ou estatuto de
jornalista, documentos que a AIPIM deverá aprovar "em breve" e que em
princípio serão seguidos nas redações em língua portuguesa e inglesa de Macau,
mas não que não são vinculativos por não terem força de lei na região.
No
4.º Congresso de Jornalistas, agendado para Lisboa, de 12 a 15 de janeiro, o
vice-presidente da AIPIM vai ainda apresentar um retrato da comunicação social
em língua portuguesa e inglesa em Macau.
"Há
hoje uma forte componente profissional, de jornalistas e de pessoas ligadas à comunicação
social, que ultrapassa as 100 pessoas, o que é de facto um contingente grande.
(...) Eu diria que os jornalistas e o público em geral em Portugal não têm
noção do que hoje se faz em português em Macau", afirmou.
Além
de Gilberto Lopes, a AIPIM far-se-á representar no congresso pela jornalista
Luciana Leitão.
FV
// SB
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