quarta-feira, 7 de março de 2018

Ativistas timorenses celebram tratado com a Austrália e pedem ratificação imediata


Díli, 07 mar (Lusa) - Dezenas de ativistas timorenses marcharam hoje nas ruas de Díli em celebração da assinatura, em Nova Iorque, do tratado que delimita as fronteiras marítimas permanentes entre Timor-Leste e a Austrália, pedindo a ratificação imediata do documento.

Com cartazes de agradecimento à comunidade internacional e à Austrália, o grupo de estudante, veteranos e representantes de várias organizações da sociedade civil marchou até à embaixada australiana em Díli.

Ali entregaram a um representante diplomático uma mensagem em que apelam a que o parlamento australiano ratifique sem quaisquer condições o tratado assinado hoje em Nova Iorque.

"Queremos agradecer às duas nações, a Timor-Leste e a Austrália, que terminaram a sua disputa com o reconhecimento da soberania de Timor-Leste e do direito do povo timorense a gozar de acesso ao seu território para futuro desenvolvimento económico", refere a mensagem.

A celebração foi organizada pelo Movimento Contra a Ocupação do Mar de Timor que desde 2004 tem vindo a promover várias ações em defesa da demarcação de uma fronteira ao longo de uma linha mediana, acordada no tratado hoje assinado.

A marcha começou na sede da organização La'o Hamutuk, em Díli, onde dezenas de pessoas, timorenses e estrangeiros, se concentraram para acompanhar em direito a transmissão, através da televisão da ONU na internet, a cerimónia de assinatura e posterior declarações e conferência de imprensa.

O tratado entre Timor-Leste e a Austrália, assinado hoje em Nova Iorque, delimita pela primeira vez e de forma "compreensiva e final" a fronteira marítima bilateral permanente, ao longo de uma linha essencialmente equidistante dos dois países.

Assinado por responsáveis de Timor-Leste e da Austrália, o histórico documento determina que a "maioria da fronteira segue uma linha mediana, a meio caminho entre a Austrália e Timor-Leste", segundo uma nota da Comissão de Conciliação a que Lusa teve acesso.

"O acordo é final. Abrange a delimitação da 'bacia continental' (que inclui os direitos de explorar os recursos do solo marinho, como o petróleo) e a 'zona económica exclusiva' (que inclui os direitos a explorar recursos na coluna de água, como a pesca)", refere o documento.

Além de fixar a linha mediana o documento define ainda as fronteiras laterais, a leste e oeste da antiga zona conhecida como Timor Gap, ou Zona Conjunta de Desenvolvimento Petrolífero, que "serão ajustadas para se juntarem a futuras delimitações da fronteira entre Timor-Leste e a Indonésia".

O documento foi assinado pelo ministro Adjunto do primeiro-ministro timorense para a Delimitação de Fronteiras, Agio Pereira, e pela ministra dos Negócios Estrangeiros australiana, Julie Bishop, num ato testemunhado pelo secretário-geral da ONU, António Guterres.

Presente na cerimónia esteve ainda o presidente da Comissão de Conciliação, Peter Taksøe-Jensen, que mediou as negociações entre os dois países que terminaram no final de fevereiro com este acordo histórico.

ASP // PJA

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