Díli, 06 mar (Lusa) - O novo
tratado de fronteiras marítimas entre Timor-Leste e a Austrália, assinado hoje,
reduz os riscos para investidores e abre a porta a benefícios significativos
para os timorenses, afirmou o ministro timorense que assinou o documento.
"Este é um dia histórico. Um
capítulo muito importante que começa com os nossos líderes a serem conscientes
das responsabilidades ligadas a este tratado. Sabemos que muito tem que ser
feito depois de hoje mas o que queríamos alcançar quando iniciámos este
processo de reconciliação foi alcançado: uma fronteira marítima
permanente", disse o ministro Adjunto do primeiro-ministro timorense para
a Delimitação de Fronteiras, Agio Pereira numa conferência de imprensa na sede
da ONU.
"Este acordo tornou claro para
as duas nações onde está a fronteira. O tratado define as fronteiras
permanentes e isso reduz os riscos de investir nos recursos da região",
considerou ainda.
Agio Pereira falava numa
conferência de imprensa conjunta com a ministra dos Negócios Estrangeiros
australiana, Julie Bishop, depois de ambos assinarem o histórico "Tratado
entre a Austrália e a República Democrática de Timor-Leste que estabelece os
seus limites marítimos no mar de Timor".
O ministro timorense sublinhou a
presença na cerimónia do secretário-geral da ONU, António Guterres, um
"amigo muito próximo" de Timor-Leste que "deu grandes passos
para ajudar a independência de Timor-Leste" e que esteve presente hoje num
"acontecimento histórico tão importante" para os timorenses.
Sobre o desenvolvimento do campo
petrolífero Greater Sunrise - aspeto ainda não acordado - Julie Bishop disse
que qualquer das opções, trará "grandes benefícios a Timor-Leste",
disponibilizando-se para que Austrália continue a apoiar Timor-Leste nas
negociações com as petrolíferas.
"Estamos a falar de milhares
de milhões de dólares durante a vida do projeto", disse Bishop.
"As opções devem ter em
conta a viabilidade económica a longo prazo. O interesse da Austrália é
garantido com o desenvolvimento do recurso para benefícios de Timor-Leste. É do
nosso interesse que Timor-Leste seja um vizinho estável e próspero, e por isso
queremos ver um projeto que seja economicamente viável a longo prazo para dar
os máximos benefícios a Timor-Leste", considerou.
Agio Pereira, por seu lado,
reiterou a vontade de que a opção seja a de um gasoduto para o sul de
Timor-Leste, considerando que terá um impacto "transformativo, económica e
socialmente", para a população maioritariamente jovem e para construir
confiança no país.
"Se investidores virem que
Timor-Leste consegue gerir uma indústria complexa como 'downstresm', construir
gasoduto e unidade de LNG, confiarão que Timor-Leste conseguirá fazer mais do
que isso", disse o ministro timorense.
A chefe da diplomacia australiana
disse que o tratado com Timor-Leste não afeta o previamente existente tratado
com a Indonésia, explicando que falou com a sua homóloga em Jacarta que
"congratulou Timor-Leste e a Austrália sobre o tratado".
"O tratado entre a Austrália
e a Indonésia mantém-se. Este tratado abre caminho para Timor-Leste e a
Indonésia negociarem fronteiras. Isso terá impacto imediato de adaptar as
fronteiras a leste e oeste do tratado, o que está previsto", afirmou.
Bishop saudou o "acordo
histórico" de hoje, importante tanto a nível bilateral como "em
termos do direito internacional" faltando agora chegar a acordo sobre o
Greater Sunrise.
Agio Pereira referiu que apesar
dos sobressaltos nas negociações, o acordo mostra o êxito das negociações,
tendo Bishop afirmado que a "Austrália rejeita qualquer sugestão de ter
atuado de qualquer forma que não seja em boa fé".
ASP // PJA
Sem comentários:
Enviar um comentário