sábado, 26 de janeiro de 2019

Não-renovação de contratos a funcionários da educação timorense sem irregularidades


Díli, 25 jan (Lusa) -- A Comissão da Função Pública (CFP) timorense confirmou ao executivo que não houve qualquer irregularidade na decisão do Ministério da Educação, Juventude e Desporto (MEJD) de não renovar o contrato a 273 funcionários casuais.

"A CFP não verifica qualquer irregularidade na decisão de não renovação dos contratos, pois entende constituir decisão típica da gestão de pessoa, no âmbito das competências do membro do Governo que tutela superiormente o MEJD", explica Faustino Cardoso Gomes em carta enviada ao primeiro-ministro; Taur Matan Ruak.

Na carta, datada de 22 de janeiro e divulgada hoje na página oficial do MEJD no Facebook, Faustino Gomes considera que foi igualmente cumprido o regulamento no que toca à notificação prévia da não renovação dentro do prazo previsto.

E saúda igualmente a decisão da ministra da tutela, Dulce Soares, que considera "oportuna", de avançar com um "diagnóstico sobre o mapa de pessoal e vagas do MEJD" tendo em conta a sua lei orgânica.

"Somente uma análise técnica da necessidade de pessoal é que vai determinar se o MEJD precisa ou não de mais funcionários públicos ou agentes da Administração Pública para a execução da sua atividade", escreve.

A carta confirma que os 273 contratados não estavam registados na base de dados da Função Pública, sendo pagos "com recursos às rubricas de bens e serviços" o que os classifica não como funcionários públicos, mas sim como "prestadores de serviços a termo certo" cujo contrato terminou a 31 de dezembro.

A decisão da ministra suscitou polémica em Díli com críticas de sindicatos e o assunto a ser referido pela oposição no parlamento.

O antigo ministro da Educação timorense e atual deputado da oposição António da Conceição criticou a dispensa dos funcionários, considerando que essa decisão prejudica o setor.

"Não vejo razão de despedir estes funcionários. A edução continua a ter necessidade destes funcionários, por causa da geografia de Timor, do funcionamento de muitas escolas em áreas remotas e de necessidades de apoio técnico ao Ministério", explicou Conceição, em declarações à Lusa.

"Não terminam os contratos porque já não necessitam deles. Terminam para depois levar novos funcionários para esses cargos. É uma decisão mais política do que técnica", disse Conceição, que foi ministro da Educação no VI Governo.

Em comunicado, o Ministério da Educação, Juventude e Desporto explica que a decisão de não estender os contratos dos 273 funcionários casuais se insere num processo de verificação e reforço da capacidade institucional.

Assegurar qualidade educativa exige uma "máquina institucional forte com boa capacidade de gestão e uma força de trabalho competente", refere a tutela.

Segundo o Ministério, está em curso um processo de diagnóstico interno sobre a atual força de trabalho que ajude a identificar necessidades existentes o que obriga, para já, a não renovar os contratos com os funcionários casuais.

Um diagnóstico preliminar já conduzido mostra, segundo o MEJD, que os funcionários casuais são quase metade de todos os funcionários, sendo que o pagamento dos seus vencimentos entra na categoria de bens e serviços e não de salários.

O Ministério vai ao longo deste ano conduzir uma avaliação mais detalhada das necessidades implementando os necessários processos de recrutamento de funcionários permanentes de forma "faseada" ao longo deste ano.

O objetivo, reiterou a ministra da Educação, é reafirmar o compromisso com uma reforma institucional e com a implementação de educação de qualidade.

ASP // PJA

Sem comentários: