sábado, 1 de agosto de 2020

Governo timorense estuda opções para regresso de professores portugueses

Covid-19

Em causa estão cerca de 140 professores portugueses que partiram de Timor-Leste, no início de abril. Os voos comerciais e "charters" de e para o país continuam proibidos.

O governo timorense está a estudar opções que permitam o regresso a Timor-Leste de professores portugueses que saíram do país em abril, devido à Covid-19, disse à Lusa o vice-primeiro-ministro.

“A ministra dos Negócios Estrangeiros e o do Interior estão a coordenar-se para que se possa fazer a preparação do regresso dos professores a Timor-Leste”, disse José Reis à Lusa.

José Reis falava à Lusa à margem da inauguração do Auditório 13 de Março, o novo espaço da Escola Portuguesa de Díli, que recorda o dia das inundações que este ano causaram graves danos materiais à instituição.

O presidente da Escola Portuguesa de Díli, Acácio de Brito, disse à Lusa que “é impossível começar as aulas em setembro se os professores não vierem” para Timor-Leste. “Temos as condições todas para começar, mas faltam-nos os recursos humanos. Conseguimos colocar os professores em voos comerciais em Kuala Lumpur, mas depois o problema é vir para Díli”, afirmou.

Tenho a certeza que é responsabilidade dos organismos oficiais de Timor-Leste para que permitam que possa haver algumas ligações aéreas comerciais que permitam trazer os professores que, chegando, cumprirão todas as regras de confinamento e demais“, disse.

No caso dos CAFE, escolas do sistema público timorense, as aulas já recomeçaram — o ano letivo tem um calendário diferente do português —, mas não há professores suficientes e o horário letivo, em muitos centros, está obrigatoriamente a ser mais reduzido.

O principal problema tem a ver com as ligações a Díli, já que há voos comerciais para cidades na região, como Kuala Lumpur ou Singapura, continuando, porém, proibidos os voos comerciais e charters de e para Timor-Leste.

Apesar dessa proibição, cidadãos de vários países têm conseguido entrar nas últimas semanas em Díli, especialmente oriundos da Austrália em voos a partir de Darwin, além de um voo do Programa Alimentar Mundial que viaja de Kuala Lumpur, na Malásia.

Este último foi o usado por vários portugueses destacados em projetos de cooperação do Camões-Instituto de Cooperação e da Língua, chegados a Kuala Lumpur em voos comerciais, para depois, cumprindo “exigentes critérios” da PAM, viajar no voo para Díli. Além dos professores, há ainda portugueses que não conseguem regressar a Timor-Leste, onde residem e trabalham, ou não conseguem sair do país.

Acácio de Brito admitiu que outro problema que “tem que ser resolvido” é o das matrículas em universidade dos estudantes que concluíram o 12.º ano, processo que, por vezes, exige a presença dos alunos. “Já apresentamos aos serviços a situação que vivemos e antecipamos que haja uma solução porque não há possibilidade real das pessoas estarem presencialmente para a matrícula”, disse.

Timor-Leste está atualmente sem casos ativos de Covid-19, depois de ter registado 24, terminou o terceiro mês de estado de emergência em 27 de junho, mas o país continua praticamente fechado, especialmente no que toca a ligações aéreas.

Observador | Lusa | Imagem: António Dasiparu/EPA

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