Jacarta,
20 abr (Lusa) - Os países que participam na Conferência Ásia-África, esta
semana na Indonésia, querem alterações no Conselho de Segurança das Nações
Unidas, para ter um mundo mais justo e menos "catastrófico", disse
hoje o chefe da diplomacia angolana.
"Acho
que uma das questões mais importantes é que todos queremos a reforma do
Conselho das Nações Unidas, para que possa haver maior justiça, não só no
próprio Conselho de Segurança, mas também na resolução da maior parte dos
problemas do mundo", disse o ministro das Relações Exteriores de Angola,
Georges Chikoti.
O
governante frisou que "75 por cento da comunidade mundial não está
devidamente representada no Conselho de Segurança" e que, após 70 anos de
ONU, "muitos acham que é o momento de haver mudanças consideráveis".
"Se
não houvesse eventualmente um ou outro membro, como a Rússia, que durante os
últimos anos conseguiram usar do veto, teríamos tido um mundo cada vez mais
catastrófico, controlado por três países ocidentais", disse, frisando que
"a Inglaterra, a França e os Estados Unidos controlam o essencial do
poder".
O
Conselho de Segurança é composto por 15 membros, sendo cinco permanentes e com
poder de veto - Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e China - e os
demais eleitos para mandatos de dois anos.
"Se
tivéssemos um maior número [de membros no Conselho de Segurança], então teremos
também uma maior participação no mundo e nas decisões", o que
"facilitaria o processo dos consensos" e deixaria de existir um
"mundo monopolizado", advogou.
O
governante falava aos jornalistas à margem das reuniões ministeriais que
ocorrem na capital indonésia para preparar a cimeira de chefes de Estado e de
Governo asiáticos e africanos que decorrerá esta semana no país do Sudeste
Asiático.
O
encontro, em que são esperados 34 líderes das duas regiões, bem como
representantes de 77 países, visa comemorar o 60.º Aniversário da Conferência
Ásia-África, em Bandung, em 1955, e do 10.º Aniversário da Nova Parceria
Estratégia Ásia-África.
"A
Conferência de Bandung marcou uma etapa importante na luta dos povos da África
e da Ásia contra o colonialismo e, depois, também durante o período da Guerra
Fria, permitiu uma certa solidariedade e o movimento não-alinhado que se criou
durante aquela época", lembrou.
Segundo
o ministro angolano, os governantes estão também a preparar documentos
relacionados com a defesa da independência da Palestina e a parceria entre as
duas regiões do sul do globo.
A
partir de terça-feira, os representantes reunidos em Jacarta vão debruçar-se
também sobre o crescimento económico e "como enfrentar o futuro",
logo, na visão de Georges Chikoti, "é um momento particularmente
importante".
O
ministro das Relações Exteriores angolano vai aproveitar a presença na
Indonésia para discutir com a sua homóloga do país anfitrião, Retno Marsudi,
novas parcerias, depois de, no ano passado, a angolana Sonangol e a indonésia
Pertamina terem assinado um acordo empresarial na área petrolífera.
Angola
procura parcerias com o quarto país mais populoso do mundo em várias áreas,
desde a indústria à agricultura, e admite abrir em breve uma embaixada na
região do Sudeste Asiático.
Para
terça-feira é aguardada a chegada do vice-Presidente angolano, Manuel Domingos
Vicente, que irá participar na cimeira.
AYN
// VM
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