sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Líderes estudantis de Hong Kong acusados por protesto que marcou arranque do 'Occupy'



Hong Kong, China, 27 ago (Lusa) -- Três líderes estudantis que no ano passado estiveram envolvidos nas manifestações do 'Occupy' em Hong Kong foram hoje acusados por um protesto na Praça Cívica, junto à sede do governo.

Sobre o líder do movimento estudantil 'Scholarim', Joshua Wong, de 18 anos, e sobre o secretário-geral da Federação dos Estudantes, Nathan Law, e respetivo ex-presidente Alex Chow impedem acusações que incluem a reunião ilegal e incitação para participar em reunião ilegal, segundo a Rádio e Televisão Pública de Hong Kong (RTHK).

Os três vão ser presentes a tribunal na próxima quarta-feira.

As ofensas estão relacionadas com um protesto estudantil em que alguns manifestantes treparam as grades metálicas para o interior da designada Praça Cívica. A ação, a 26 de setembro de 2014, acabaria por estar na origem da ocupação das ruas num protesto que durou 79 dias.

"Hoje... é perseguição política", disse Wong, antes de entrar na sede da polícia. "Estar envolvido nesta ação na praça cívica foi o melhor que fiz nos quatro anos em que tenho estado envolvido nos movimentos sociais dos estudantes", afirmou.

"Não me arrependo, ainda que tenha de pagar o preço", acrescentou.

Menos de duas horas depois, Wong surgiu novamente em público e o seu advogado, Michael Vidler, disse que provavelmente iria apresentar um pedido ao tribunal para suspender o processo contra o seu cliente.

"Penso que toda a lógica de procedimentos nesta altura, um ano depois dos acontecimentos, é totalmente errada", afirmou Vidler. "Na minha opinião é um claro abuso", acrescentou.

Cerca de 40 apoiantes concentraram-se na entrada da polícia com guarda-chuvas amarelos -- o símbolo da campanha do Occupy -- e entoaram palavras de ordem a pedir a demissão do chefe do Executivo de Hong Kong, CY Leung.

Wong e Law, de 22 anos, foram a tribunal no mês passado por acusações de obstrução à polícia num protesto realizado em junho.

Os estudantes estavam entre as dezenas que pessoas que se concentraram no exterior do Gabinete de Ligação do Governo Central Chinês em Hong Kong para se oporem a um "livro branco" da China, no qual Pequim afirmou o seu controlo sobre a região especial chinesa. Uma cópia do documento foi queimada nesse protesto.

Ambos declararam-se "não culpados" das acusações e vão ser novamente ouvidos em tribunal no âmbito do mesmo processo, na sexta-feira.

O plano de reforma política proposto pelo governo de Hong Kong e apoiado pelas autoridades de Pequim foi chumbado pelo conselho legislativo da região em junho.

A proposta que esteve na origem do movimento 'Occupy Central' dava, pela primeira vez, oportunidade a todos residentes de Hong Kong de em 2017 votarem nas eleições para o chefe do Executivo, mas sob a condição de que todos os candidatos -- dois ou três no máximo -- fossem pré-selecionados por um comité conotado com Pequim.

FV (DM/ ISG)// APN

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