sexta-feira, 10 de junho de 2016

10 DE JUNHO: DIA DE PORTUGAL, DE CAMÕES E DAS COMUNIDADES PORTUGUESAS


"Foi sempre povo a lutar pelo país mesmo quando elites falharam" - Marcelo

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu, esta sexta-feira, que foi o povo português, "sempre o povo", quem assumiu o papel determinante quando o país foi posto à prova.

No discurso das comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, no Terreiro do Paço, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa fez o elogio do povo português, "o povo armado e não armado", que, "nos momentos de crise, quando a pátria é posta à prova", assumiu o "papel determinante".

"Foi o povo quem, nos momentos de crise, soube compreender os sacrifícios e privações em favor de um futuro mais digno e mais justo. O povo, sempre o povo, a lutar por Portugal. Mesmo quando algumas elites - ou melhor, as que como tal se julgavam - nos falharam, em troca de prebendas vantajosas, de títulos pomposos, meros ouropéis luzidios, de autocontemplações deslumbradas ou simplesmente tiveram medo de ver a realidade e de decidir com visão e sem preconceitos", afirmou.

"Portugal é o seu povo, que não vacila, não trai, não se conforma, não desiste", declarou.
O chefe de Estado falava na componente militar das cerimónias do 10 de Junho, que este ano, e de forma inédita, se estendem a Paris, cidade onde hoje à tarde Marcelo Rebelo de Sousa condecorará emigrantes portugueses que assistiram vítimas do atentado terrorista de há sete meses na capital francesa.

"Aqui em Lisboa, seguro de estar a interpretar a vontade popular, condecoro militares cujo pundonor e percurso no passado ou no presente são exemplo para todos nós", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, no discurso que antecedeu a condecoração de seis militares, três no ativo e três outros que combateram na Guerra Colonial.

O Presidente referiu-se também às condecorações que atribuirá em Paris - juntando, como no seu discurso, "o povo armado e não armado" nas homenagens de 10 de Junho, no âmbito das quais e até dia 12 de junho, em Paris, distinguirá mais emigrantes e luso-descendentes e também cidadãos franceses que se destacaram na ajuda às comunidades pobres portuguesas que para França emigraram "a salto", sobretudo nos anos 1960.

"Mais tarde em Paris condecorarei, em nome de todos nós, alguns portugueses que durante os recentes atentados não hesitaram por um instante em dar abrigo e salvar quem fugia da destruição e da morte. Também eles são um exemplo de solidariedade e de humanismo, que devem ser realçados, mostrando assim que estamos atentos e gratos a todos esses portugueses que, ainda que longe, nos honram e nos orgulham, fazendo-nos vibrar por pertencermos à pátria que somos", disse.

No elogio ao povo, Marcelo Rebelo de Sousa percorreu vários momentos da história de Portugal, desde a fundação, passando pelas perdas e recuperação da independência, às invasões estrangeiras do século XIX e o 25 de Abril.

"Esse mesmo povo que hoje é garante do nosso desenvolvimento económico, da justiça social na reconfiguração de Portugal como país de economia europeia, de raiz multicultural, expressão da língua portuguesa, plataforma entre continentes, culturas e civilizações, é esse povo que hoje aqui e em França queremos celebrar", afirmou.

Numa intervenção curta (durou cerca de nove minutos), de tom mobilizador, Marcelo Rebelo de Sousa referiu-se também ao simbolismo do lugar em que decorreram esta primeira parte das cerimónias, o Terreiro do Paço.

"Podemos dizer que devemos aos acontecimentos ocorridos neste espaço o que somos hoje e o que fomos sendo desde o século XV", afirmou, referindo-se a vários acontecimentos, culminando no terramoto de 1755.

"Foi aqui também que demos prova de que somos capazes, novamente a partir do nada, planeamos, reconstruimos, reerguemo-nos, Lisboa renasceu e a esta praça tornou se uma das mais belas da Europa. Mostrámos ao mundo de então de que fibra somos feitos e do que somos capazes".

"Hoje, em 10 de junho de 2016, desta mesma praça, que é símbolo maior do nosso imaginário coletivo, partimos, uma vez mais, rumo ao futuro. Somos portugueses, como sempre, triunfaremos", concluiu.

O Presidente da República chegou cerca das 10:00 ao Terreiro do Paço, onde estavam concentrados cerca de 1500 militares de 30 unidades dos três ramos das Forças Armadas: Exército, Marinha e Força Aérea.

Antes da intervenção de Marcelo Rebelo de Sousa foi feita uma homenagem aos militares mortos e após o discurso realizou-se um desfile militar, com veículos e homens e mulheres a pé.

Durante o hino nacional que foi entoado à chegada do Presidente, foram disparados tiros de canhão de navios concentrados ao largo do Tejo, tendo também sobrevoado o Terreiro do Paço uma esquadra de aviões caça F-16.

Diário de Notícias – Foto: António Cotrim / Lusa

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