Macau,
China, 26 ago (Lusa) -- A Assembleia Legislativa de Macau vai chamar o Governo,
no início da próxima sessão, em outubro, para que este explique o elevado
orçamento da nova Biblioteca Central, estimado em cerca de 100 milhões de
euros.
"O
Governo pode ser convidado à Assembleia para explicar pormenores [de um
projeto]. E isso pode acontecer com a biblioteca", começou por dizer Ho
Iat Seng, presidente da Assembleia, durante o balanço anual dos trabalhos do
hemiciclo. Instado a confirmar se tal sessão de apresentação do projeto vai de
facto acontecer, Ho assentiu: "Sim, se for confirmado o projeto. Não temos
elementos [suficientes], precisamos de uma sessão de apresentação".
A
Biblioteca Central, que irá ocupar o edifício do antigo tribunal, no coração da
cidade, vai custar pelo menos 900 milhões de patacas (quase 100 milhões de
euros), segundo confirmou o Instituto Cultural esta semana, sendo que o valor
inclui apenas a construção.
Ho
Iat Seng admite que o valor da biblioteca -- que deve incluir uma livraria, uma
loja de produtos criativos e um café-galeria, entre outras valências --, pode
ser elevado: "Podemos discutir se o orçamento é muito avultado ou não.
Devemos ver se deve ser gasto tanto dinheiro numa biblioteca, quantos utentes
[vai servir]. Vai ter cafés para quê? Já temos as ruas repletas de cafés. Um
sítio para servir bebidas, sim, mas nada luxuoso".
O
presidente da Assembleia defende ainda que a biblioteca se deve focar em
"livros com maior tecnicidade" ou valor elevado, já que os
"livros normais" se "vendem em qualquer sítio" e
"muita coisa se encontra online".
Durante
o balanço dos trabalhos da Assembleia, Ho Iat Seng foi questionado sobre a
abertura das reuniões das comissões à comunicação social, de modo a evitar
frequentes contradições entre aquilo que deputados e membros do Governo
alegadamente dizem à porta fechada e aquilo que o presidente da comissão
transmite aos jornalistas.
Ho
mostrou-se recetivo mas sublinhou que o regimento da Assembleia define que as
comissões decorrem normalmente à porta fechada, apesar de não impedir que sejam
abertas se os deputados assim o quiserem. "Vou falar com os presidentes
das comissões para saber se algumas reuniões podem decorrer à porta aberta,
creio que há margem para isso (...) mas não posso obrigar", disse.
Ho
Iat Seng, frequentemente apontado como possível futuro líder do Governo,
afastou definitivamente a possibilidade: "Não vou ser chefe do Executivo,
não tenho feitio ou postura. Uma pessoa deve conhecer-se bem, e a idade também
não permite".
O
presidente da Assembleia foi ainda instado a pronunciar-se sobre a saída da
Uber de Macau, alegadamente a 09 de setembro devido ao elevado valor das multas
que acumulou em menos de um ano de operações.
Ho
admitiu que a população entende que "o serviço dos táxis não é bem
prestado" e que utilizar a Uber, apesar de ilegal, é "cómodo",
mas lembrou que os taxistas estão "devidamente licenciados e com
seguro". "Quando houver problemas, quem assume a
responsabilidade?", questionou.
"Não
posso ter um duplo critério para quando dá jeito", concluiu.
ISG
// JMR - Lusa
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