O
governo filipino e os rebeldes comunistas concordaram em prolongar, por tempo
indefinido, a trégua decretada no quadro das conversações de paz para pôr termo
ao conflito de quase meio século, anunciou hoje a Noruega.
"Os
representantes do governo filipino e do movimento comunista Frente Democrática
Nacional (NDF) vão assinar a 26 de agosto, às 11:00 (10:00 em Lisboa), uma
declaração conjunta na qual as duas partes se comprometem com tréguas
unilaterais sem limites temporais", revelou em comunicado a diplomacia
norueguesa, que desempenha um papel de mediador.
O
governo filipino e os rebeldes comunistas iniciaram na segunda-feira, em Oslo,
negociações com vista a cessar uma das mais antigas insurreições de Ásia.
Como
prelúdio da retoma das conversações, as duas partes decidiram declarar
provisoriamente tréguas unilaterais.
Contudo,
o cessar-fogo dos comunistas deveria expirar no sábado.
Num
clima facilitado pela eleição, em maio, do Presidente Rodrigo Duterte, que fez
da retoma do diálogo com os comunistas uma prioridade, o governo filipino e os
rebeldes fixaram, segundo Manila, o objetivo de chegar a um acordo de paz
dentro de um ano.
Para
acelerar o processo, escolheram discutir, em simultâneo, ao contrário do que
sucedeu em tentativas anteriores, os diferentes dossiês que faltam negociar:
reformas socioeconómicas, reformas políticas e constitucionais e o fim das
hostilidades.
Fundado
em dezembro de 1968, o Partido Comunista das Filipinas -- dirigido pela NDF --
lançou três meses mais tarde uma rebelião em resultado da qual foram mortas até
hoje, pelo menos, 30 mil pessoas, segundo estimativas oficiais.
O
Novo Exército do Povo, o seu braço armado, conta atualmente com cerca de 4.000
membros, contra 26.000 na década de 1980.
A
guerrilha beneficia do apoio da população mais pobre das zonas rurais do país e
é acusada de matar com frequência membros das forças de segurança, assim como
de práticas de extorsão junto de empresas locais.
Em
2010, o Presidente anterior, Benigno Aquino, começou por lançar conversações de
paz, que abandonou três anos mais tarde, acusando a rebelião de falta de
sinceridade. Os comunistas reclamaram então a libertação de todos os seus
membros presos, o que o Governo recusou.
Duterte,
que iniciou funções no passado dia 30 de junho, e conta com o líder comunista
exilado, Jose Maria Sison, entre os seus amigos, propôs já libertar alguns prisioneiros
políticos.
DM
(APL/FV) // JPS - Lusa
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