Pequim,
29 mar (Lusa) -- O governo chinês disse hoje que um ativista de Taiwan, que
desapareceu há uma semana ao passar a fronteira de Macau para a China, está
detido e a ser investigado por suspeita de "atividades prejudiciais à
segurança nacional".
O
ativista pró-democracia Lee Ming-che, de 42 anos, passou a fronteira de Macau
no dia 19 deste mês e nunca apareceu num encontro que previsto para mais tarde
nesse dia com um amigo na cidade chinesa de Zhuhai, junto à fronteira com
Macau.
O
porta-voz do Escritório para os Assuntos de Taiwan, Ma Xiaoguang, disse que Lee
Ming-che, se encontrava de boa saúde, mas não deu informações sobre onde estava
detido ou outros termos da sua detenção, escreve a Associated Press.
"Em
relação ao caso de Lee Ming-che, porque ele é suspeito de levar a cabo
atividades prejudiciais à segurança nacional, a investigação está a ser tratada
de acordo com os procedimentos legais", disse o porta-voz Ma Xiaoguang
numa conferência de imprensa.
A
Amnistia Internacional (AI) disse que a detenção de Lee aumenta as preocupações
quanto ao aumento da repressão sobre o ativismo legítimo e instou as
autoridades a fornecerem mais detalhes sobre a sua detenção.
"A
detenção de Lee assente em vagas ideias sobre segurança nacional preocupa todos
os que trabalham com organizações não-governamentais na China. Se a sua
detenção estiver apenas ligada ao seu ativismo legítimo, ele deve ser imediata
e incondicionalmente libertado", disse Nicholas Bequelin, diretor da AI
para a Ásia Oriental numa resposta por email à Associated Press.
Na
terça-feira, um colega de Lee disse que o ativista deverá ter atraído a atenção
dos serviços de Segurança da China depois de ter usado a rede social WeChat
para discutir as relações China-Taiwan.
Cheng
Hsiu-chuan, presidente da Wenshan Community College, em Taipé, onde Lee
trabalhou no ultimo ano como director de programa, disse que Lee usou o WeChat
"para ensinar" um número desconhecido de pessoas sobre as relações
China-Taiwan sob o governo da Presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen.
"Para
a China, o que ele estava a ensinar seria visto como sensível", disse
Cheng.
O
WeChat tem centenas de milhões de utilizadores ativos e é uma forma de
comunicação extremamente popular na China, onde outras redes sociais como o
Twitter estão bloqueadas.
Segundo
a Associated Press, vários pedidos de informação foram feitos através de canais
oficiais e privados para obter informação sobre o ativista, sem sucesso.
Segundo
notícias divulgadas desde o seu desaparecimento, o ativista sofre de problemas
de saúde como pressão arterial elevada.
Na
última década, Lee viajava todos os anos para a China para ver amigos, disse
Cheng, ao acrescentar que o ativista falava de direitos humanos em privado, mas
nunca em eventos públicos.
Em
meados de 2016, no entanto, as autoridades chinesas fecharam a conta de WeChat
de Lee e confiscaram uma caixa de livros publicados em Taiwan sobre assuntos
políticos e culturais, disse Cheng.
Na
sua mais recente viagem, Lee planeava ver amigos e obter produtos de medicina
chinesa para a sogra em Taiwan, disse a mulher do ativista, Lee Ching-yu, que
deveria ficar na cidade chinesa de Guangzhou até 26 de março.
"Quero
que o governo da China atue como um país civilizado e me diga o que estão a fazer
com o meu marido e com que bases legais e, como um país civilizado, o que estão
a planear fazer com ele", acrescentou.
Dezenas
de advogados têm sido interrogados ou detidos no âmbito de uma campanha contra
advogados dissidentes lançada em julho de 2015.
FV
// PJA
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