Banguecoque,
24 mai (Lusa) -- Quatro jovens tailandeses, incluindo um adolescente de 14
anos, acusados de terem ateado fogo a um retrato do falecido rei, foram presos
e estão detidos numa prisão militar secreta, disse hoje a organização
não-governamental Human Rights Watch.
A
organização de defesa dos direitos do homem pediu a libertação imediata do
rapaz de 14 anos, oriundo do norte do país, que está preso com os seus colegas
desde 15 de maio "sem nenhuma proteção eficaz contra os abusos e maus
tratos".
Questionados
pela AFP, o exército, no poder há três anos, e a polícia tailandesa recusaram
responder às questões.
"Nenhum
dos quatro jovens detidos deve ser privado do acesso a um juiz e colocado em
detenção militar em segredo, seja qual for a acusação", denunciou Brad
Adams, diretor para a Human Rights Watch na Ásia.
Nas
últimas semanas, a polícia procedeu à detenção de vários grupos acusados de
terem difamado a família real.
No
início de maio, um advogado tailandês especialista dos direitos humanos foi
considerado culpado de dez acusações de difamação e arrisca até 150 anos de
prisão.
O
chefe da junta militar e primeiro-ministro, Prayuth Chan-ocha, disse várias
vezes ser a favor da criação de um único acesso à Internet na Tailândia, para
aumentar o controlo dos conteúdos.
Segundo
as autoridades, 6.900 páginas e publicações na Internet foram bloqueadas no
país desde 2015.
Em
abril, as autoridades proibiram o contacto através da Internet com três
dissidentes e alertaram para consequências penais para quem interagisse com o
trio, comentadores assíduos sobre assuntos da família real e críticos da junta
militar.
Os
três dissidentes são o historiador Somsak Jeamteerasakul, que se exilou em
França pouco depois do golpe de Estado de 2014, o ex-diplomata e académico
Pavin Chachavalpongpun, exilado no Japão, e o jornalista e escritor Andrew
MacGregor Marshall.
A
Tailândia tem uma restrita lei contra crimes cibernéticos que as organizações
de defesa de direitos humanos dizem ser utilizada para reprimir a liberdade de
expressão.
Está
também vigente no país a lei de lesa-majestade, uma das mais severas do mundo,
que condena até 15 anos de prisão aqueles que difundam ou emitam mensagens
sobre a Casa Real que as autoridades considerem ofensivas.
Um
total de 105 pessoas foram detidas por crimes de lesa-majestade desde que os
militares subiram ao poder, das quais 49 foram condenadas a penas até 30 anos
de prisão e outras 64 se encontram em prisão preventiva, à espera de
julgamento, segundo grupos de ativistas.
Antes
do golpe de Estado de 2014, apenas seis pessoas estavam detidas pelo crime de
lesa-majestade na Tailândia.
FV
(ISG) // ISG
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Título inclui interpretação de TA
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