Díli, 13 mai (Lusa) - O
secretário-geral da Fretilin, Mari Alkatiri, pediu hoje calma aos militantes do
seu partido enquanto a direção investiga suspeitas de alegadas irregularidades
das legislativas de sábado, em que a oposição obteve maioria absoluta.
"Não estou convencido com
este resultado. Vamos investigar as suspeitas que temos de irregularidades.
Isso não significa provas. Mas desconfiamos", afirmou numa declaração em
vídeo divulgada na página oficial da Fretilin no Facebook.
Numa declaração em tétum para os
militantes do partido reunidos no Comité Central da Fretilin (CCF), Mari
Alkatiri disse que se as suspeitas não se comprovarem, a Fretilin aceitará o
resultado e será uma "oposição forte".
"Peço aos camaradas em todo
o Timor-Leste para se manterem calmos, enquanto a direção da Fretilin
investiga", disse.
A Lusa tinha solicitado uma
reação do líder da Fretilin relativamente aos resultados eleitorais, tendo uma
fonte do partido explicado que uma declaração seria feita mais tarde. O mesmo
ocorreu com a direção da coligação da oposição, a AMP, que remeteu para
segunda-feira uma declaração aos jornalistas.
No vídeo para os seus apoiantes,
Alkatiri saudou o facto de na plateia - de centenas de militantes do partido -
estarem "muitos jovens", um sinal de que "a luta continua"
e que se não vencer agora o partido vencerá no futuro.
"Mantenham calma enquanto a
liderança trabalha, porque para fazer reclamação são precisos dados, são
precisos factos", repetiu.
"A Fretilin apresentará uma
reclamação se comprovar que há factos para apresentar reclamações. Se não
houver factos, temos que ter paciência e aceitar. Seremos uma oposição forte. E
nunca desistiremos. Não seremos apenas um degrau para ajudar os outros se
houver problemas", afirmou.
A Aliança de Mudança para o
Progresso (AMP) venceu as eleições legislativas antecipadas de sábado em
Timor-Leste com mais de 308 mil votos, ou 49,56% do total, segundo os dados
praticamente finais do Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE).
Os dados dizem referência a um
escrutínio de 99,66%, faltando apenas três dos 85 centros de votação do
município de Bobonaro onde a AMP lidera com ampla vantagem (mais de 51,29% dos
votos).
Com este apoio eleitoral, a AMP,
liderada pelos ex-Presidentes Xanana Gusmão e Taur Matan Ruak, obtém 34 dos 65
mandatos do Parlamento Nacional, o que lhe permite formar o VIII Governo
constitucional sem necessitar de qualquer apoio adicional.
Em segundo lugar ficou a Frente
Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), que liderou a coligação
minoritária do anterior Governo, e que obteve cerca de 213 mil votos, ou 34,18%
do total, mantendo o mesmo número de deputados, 23.
No Parlamento estará também o
Partido Democrático (PD) - parceiro da Fretilin no VII Governo, que perde dois
deputados para cinco, tendo obtido quase 50 mil votos ou 7,95% do total.
Pela primeira vez no parlamento
estará ainda a Frente de Desenvolvimento Democrático (FDD) - uma coligação de
quatro pequenos partidos - que terá três lugares e que obteve cerca de 34 mil votos
ou 5,5% do total.
ASP // VM
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