Díli, 06 mai (Lusa) - O Partido
Democrático (PD), atualmente na coligação do Governo em Timor-Leste, só decide
depois das eleições legislativas antecipadas de sábado com quem aceitará
participar numa eventual aliança para o próximo executivo, disse hoje o seu
líder.
"Se continuamos com a
Fretilin ou se vamos com a AMP só decidimos depois da eleição. Vamos discutir
isso numa conferência do partido", afirmou o presidente do PD, Mariano
Sabino, à Lusa.
"Para o PD o importante é a
consistência do programa. O PD defende uma governação inclusiva baseada num
programa adequado. Mas consideramos que o importante é um Governo de
inclusão", afirmou.
Quarta força política no atual
parlamento, o PD é um dos partidos mais consolidados no palco político
timorense, podendo ser determinante para a formação do VIII Governo, caso
nenhuma força política consiga maioria absoluta.
Recorde-se que o PD integrou
formalmente o V Governo, teve militantes seus na equipa do VI - ambos ao lado
do Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT) de Xanana Gusmão que
agora lidera a Aliança de Mudança para o Progresso (AMP) - e, integra a
coligação minoritária do VII Governo com a Frente Revolucionária do Timor-Leste
Independente (Fretilin).
Apesar da proximidade dos últimos
meses entre PD e Fretilin - ambos os partidos têm feito a sua campanha assente,
em parte, no programa do VII Governo -, observadores notam que o partido de
Mariano Sabino poderá, facilmente, apoiar a AMP na formação do Governo.
Sabino, que falou à Lusa durante
um comício do PD em Díli, insiste que o seu partido continua empenhado em
trabalhar em prol da construção do Estado e da nação.
"Temos vindo a construir o
PD para ajudar a construir a nação. Estamos firmes para realizar toda a visão
do Estado para construir uma sociedade democrática, civilizada e moderna",
disse, afirmando que "a base do PD é nacionalista, democrática e
religiosa".
Depois de passar praticamente toda
a campanha fora da capital, o PD reuniu hoje a primeira grande ação de campanha
em Díli, concentrando alguns milhares de pessoas num campo de futebol na zona
do Cristo Rei, parte oriental da cidade.
Um palco rudimentar, montado nas
traseiras de um camião, com alguns cartazes a evocarem a figura mais
emblemática do partido, Fernando Lasama de Araújo, o histórico dirigente
juvenil da resistência timorense que presidiu ao PD desde a sua fundação, em
2001 e até á sua morte, em junho de 2015.
Questionado sobre a campanha,
Sabino disse que as referências histórias que têm marcado o debate são
importantes, mas que "o futuro é mais importante" porque muitos
continuam à espera de beneficiar com o desenvolvimento.
"Temos que acelerar o
desenvolvimento porque o povo continua à espera do desenvolvimento social e
cultural, económico e de infraestruturas. Continua à espera da modernização da
sociedade e das instituições", disse.
"A cultura da resistência
tem que ser agora transformada numa cultura de Estado que tem que trabalhar
para criar e fortalecer instituições nacionais e regionais, reforçando a
governação até à base e ajudando a libertar Timor-Leste da lista de países
frágeis", afirmou.
Opinião ecoada pelo
secretário-geral, António da Conceição, que afirmou que o PD continua
"forte e unido" e que apesar de alguns terem saído para apoiar a AMP,
a direção "continua sólida" apoiada pelos militantes.
Conceição lamenta que, durante a
campanha, se tenha visto "algum retrocesso político" com trocas de
críticas entre os líderes máximos do país que deveriam mostrar "uma
direção firme de futuro" em vez de olhar para o passado e para a divisão.
A campanha termina na
quarta-feira e os timorenses podem votar entre as 07:00 e as 15:00 de sábado.
ASP // MSF
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