domingo, 6 de maio de 2018

PD decide se aceita viabilizar futuro Governo depois das eleições


Díli, 06 mai (Lusa) - O Partido Democrático (PD), atualmente na coligação do Governo em Timor-Leste, só decide depois das eleições legislativas antecipadas de sábado com quem aceitará participar numa eventual aliança para o próximo executivo, disse hoje o seu líder.

"Se continuamos com a Fretilin ou se vamos com a AMP só decidimos depois da eleição. Vamos discutir isso numa conferência do partido", afirmou o presidente do PD, Mariano Sabino, à Lusa.

"Para o PD o importante é a consistência do programa. O PD defende uma governação inclusiva baseada num programa adequado. Mas consideramos que o importante é um Governo de inclusão", afirmou.

Quarta força política no atual parlamento, o PD é um dos partidos mais consolidados no palco político timorense, podendo ser determinante para a formação do VIII Governo, caso nenhuma força política consiga maioria absoluta.

Recorde-se que o PD integrou formalmente o V Governo, teve militantes seus na equipa do VI - ambos ao lado do Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT) de Xanana Gusmão que agora lidera a Aliança de Mudança para o Progresso (AMP) - e, integra a coligação minoritária do VII Governo com a Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin).

Apesar da proximidade dos últimos meses entre PD e Fretilin - ambos os partidos têm feito a sua campanha assente, em parte, no programa do VII Governo -, observadores notam que o partido de Mariano Sabino poderá, facilmente, apoiar a AMP na formação do Governo.

Sabino, que falou à Lusa durante um comício do PD em Díli, insiste que o seu partido continua empenhado em trabalhar em prol da construção do Estado e da nação.

"Temos vindo a construir o PD para ajudar a construir a nação. Estamos firmes para realizar toda a visão do Estado para construir uma sociedade democrática, civilizada e moderna", disse, afirmando que "a base do PD é nacionalista, democrática e religiosa".

Depois de passar praticamente toda a campanha fora da capital, o PD reuniu hoje a primeira grande ação de campanha em Díli, concentrando alguns milhares de pessoas num campo de futebol na zona do Cristo Rei, parte oriental da cidade.

Um palco rudimentar, montado nas traseiras de um camião, com alguns cartazes a evocarem a figura mais emblemática do partido, Fernando Lasama de Araújo, o histórico dirigente juvenil da resistência timorense que presidiu ao PD desde a sua fundação, em 2001 e até á sua morte, em junho de 2015.

Questionado sobre a campanha, Sabino disse que as referências histórias que têm marcado o debate são importantes, mas que "o futuro é mais importante" porque muitos continuam à espera de beneficiar com o desenvolvimento.

"Temos que acelerar o desenvolvimento porque o povo continua à espera do desenvolvimento social e cultural, económico e de infraestruturas. Continua à espera da modernização da sociedade e das instituições", disse.

"A cultura da resistência tem que ser agora transformada numa cultura de Estado que tem que trabalhar para criar e fortalecer instituições nacionais e regionais, reforçando a governação até à base e ajudando a libertar Timor-Leste da lista de países frágeis", afirmou.

Opinião ecoada pelo secretário-geral, António da Conceição, que afirmou que o PD continua "forte e unido" e que apesar de alguns terem saído para apoiar a AMP, a direção "continua sólida" apoiada pelos militantes.

Conceição lamenta que, durante a campanha, se tenha visto "algum retrocesso político" com trocas de críticas entre os líderes máximos do país que deveriam mostrar "uma direção firme de futuro" em vez de olhar para o passado e para a divisão.

A campanha termina na quarta-feira e os timorenses podem votar entre as 07:00 e as 15:00 de sábado.

ASP // MSF

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