Díli, 16 mai 2019 (Lusa) -- A
empresa Timor Resources espera começar no final deste ano as primeiras perfurações
em três a cinco locais de um dos blocos em que tem licença de exploração e
produção de petróleo em Timor-Leste, disse um responsável.
"Foram já identificados três
locais no Bloco A como possíveis sítios para as perfurações que esperamos
iniciar ainda no final deste ano ou no início de 2020", disse à Lusa
Filomeno de Andrade, responsável máximo da Timor Resources (TR) em Timor-Leste.
"Tudo depende agora dos
resultados dos testes que conduzimos e em julho deveremos definir as
localidades onde vamos fazer as perfurações", referiu.
Recorde-se que o Governo
timorense concedeu em abril de 2017 à TR as primeiras licenças de exploração e
produção de petróleo no interior do país, abrangendo uma área de cerca de dois
mil quilómetros quadrados em quatro municípios do sul do país.
O Blocos A - nos municípios de
Covalima e Maliana - e o Bloco C - nos municípios de Manufahi e Ainaro - foram
adjudicados, em regime de Contratos de Partilha de Produção (PSC), à Timor
Resources Pty Ltd, uma empresa australiana que faz parte do Nepean Group.
O Bloco B foi ajudicado à TIMOR
GAP Onshore Block, uma subsidiária da empresa pública petrolífera de
Timor-Leste (TIMOR GAP).
Filomeno de Andrade explicou que,
até ao momento, a empresa já investiu cerca de 16 milhões de dólares (14,2
milhões de euros) nos projetos, um valor que não é de grande dimensão tendo em
conta a empresa mãe, a Nepean, "maior empresa australiana fornecedora de
equipamento de minas, e que se pode tornar na maior do mundo" depois de
adquirir em 2018 a
europeia Sanvic.
Uma aposta de uma empresa
familiar que "está em Timor não apenas pelo petróleo e gás, mas também
para apoiar o país, a pensar na população".
No futuro, disse, a empresa
"pode abrir a oportunidade a participações de empresas
internacionais", não porque a empresa esteja "aflita ou a precisar de
dinheiro", mas para permitir "a entrada de investidores ou parceiros
na eventualidade de haver mais perfurações".
"O atual plano prevê três a
cinco perfurações no Bloco A. Cada uma das primeiras três perfurações - em
'shallow field', até 2.000
metros - custará 35 milhões de dólares", afirmou.
"É um investimento grande e,
existindo perspetivas de mais perfurações, é onde possivelmente a companhia vai
abrir a oportunidade a mais parceiros", disse.
O plano inicial de sete anos para
a exploração previa dois anos de pesquisas, do segundo para o terceiro ano
começar com as perfurações, até ao quarto ano completar o estudo de capacidades
e, do quinto ano em diante, o início possível da exploração.
Um calendário, porém, que acabou
por ser acelerado, especialmente no Bloco A.
"Começámos em 2017 as
pesquisas geológicas e demais estudos e em outubro de 2018 (...) os testes sísmicos
no Bloco A. Os levantamentos no Bloco B já foram feitos e estamos só à espera
de fazer os testes sísmicos", referiu Andrade.
"Concluímos no
primeiro ano as pesquisas geológicas e iniciámos no segundo ano os testes
geológicos. No Bloco A os testes sísmicos estão completos e estamos agora a
aguardar os resultados destes testes", explicou.
Andrade explicou que a empresa
recorreu a sistema de vibroseis, uma alternativa controlada de testes sísmicos,
em vez de explosivos "porque o Governo ainda não tem regulamentação sobre
explosivos".
No caso do Bloco C, explicou, os
testes "começam em outubro" na zona de Betano (entre Alas e Hatudo),
sendo que os testes vibroseis "apenas podem ser realizados na época
seca".
O responsável da TR disse a
pesquisa conduzida pela empresa se soma a "estudos anteriores que foram
feitos nas zonas, durante o tempo português e o tempo indonésio, inclusive os
feitos pela empresa australiana Timor Oil, que esteve a operar no país".
No caso do bloco há as atenções
centraram-se em cerca de 16 perfurações, das quais três - Suai Loro 1 e 2 e
Matai-6 -- estão "ativos", sendo que nos anos 70 do século passado, o
Suai Loro 2, (Kota Tasi), por exemplo, "chegou a produzir cerca de 225
barris por dia".
Agora, disse, há que comprovar
até que ponto é que a reserva se mantém no ativo, especialmente porque no Bloco
A há vários locais de exsudação de petróleo (sips) que podem sugerir
"alguma perda ao longo do tempo".
Sobre a atual situação em
Timor-Leste, Andrade diz que a empresa "está atenta", mas que
"não depende do país em termos financeiros", sendo que a questão de
maior preocupação é de "capacidade e serviços".
"Há uma certa preocupação
porque a empresa também desenvolve atividades em termos de projeção do país no
estrangeiro, quase como embaixador económico. Temos um papel bastante ativo de
disseminação de informação", destacou.
A empresa empregou já, nas fases
iniciais do projeto, cerca de 220 jovens timorenses, muitos sem experiência e
que tiveram formação com especialistas internacionais.
"O compromisso do TR é de
que 90% dos trabalhadores que empregaríamos seriam timorenses. Estamos até
acima desse valor. E vamos continuar neste caminho", disse.
ASP // JMC
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